A revista Human Reproduction publicou recentemente uma crítica do perito em reprodução humana Patrício Mena a um polêmico estudo financiado pelo Fundo de População das Nações Unidas, que foi usado como bandeira para negar o mecanismo abortivo da pílula do dia seguinte em vários países da América Latina.

O estudo em questão foi liderado pelo Dr. Horacio Croxatto do Chile e se apoiou em doze macacas. Sua conclusão foi que a pílula do dia seguinte usada nas macacas não teve um mecanismo abortivo.

Mena, prestigioso investigador chileno, assinalou que a afirmação do estudo do Ortiz e Croxatto “não tem base científica” para negar o efeito abortivo da pílula do dia

depois e que “as conclusões não estão sustentadas pelos resultados” do próprio estudo.

Segundo o perito, o estudo carece de observações cuidadosas que demonstrem que os embriões não foram danificados quando a pílula é administrada depois de

a ovulação.

Também assinalou que “o número de casos (utilizado no estudo) é inadequado para demonstrar a hipótese” e recomendou à equipe de investigação voltar a realizar o estudo com um melhor desenho científico.

O controvertido estudo tinha sido utilizado politicamente por alguns ministérios de saúde na América Latina para respaldar a hipótese de que a pílula do dia seguinte não seria abortiva, em aberta contradição à evidência médica disponível e ao que reconhecem os próprios laboratórios fabricantes do levonorgestrel 0.75 mg, substância base deste fármaco.