O Papa Francisco convidou os sacerdotes a não terem medo da crise e saberem aproveitá-la para crescer espiritualmente, porque "não há fruto sem poda ou vitória sem luta", especialmente contra "todos os tipos de mundanidade espiritual".

"Não há crescimento sem crises, não tenham medo das crises, porque não há fruto sem poda ou vitória sem luta. Crescer, criar raízes, significa lutar incansavelmente contra toda mundanidade espiritual”, assinalou.

O Santo Padre fez esta afirmação durante o seu discurso aos membros da Comunidade do Colégio Internacional de Jesus, em Roma, confiado à Companhia de Jesus, recebidos em uma audiência no Palácio Apostólico do Vaticano por ocasião dos 50 anos da sua fundação, na segunda-feira, 3 de dezembro.

O Papa Francisco disse que a mundanidade espiritual "é o maior perigo neste tempo". E recordou aos membros da comunidade que “Deus os fundou como jesuítas. Este jubileu é um momento de graça a fim de recordar e sentir-se com a Igreja, em uma Companhia e numa pertença que tem um nome: Jesus”.

O discurso do Santo Padre foi baseado na ideia da necessidade da memória para se aprofundar nas raízes. “Lembrar significa fundamentar-se novamente em Jesus, em sua vida. Significa reiterar um ‘não’ claro à tentação de viver para si mesmos. Reafirmar que, como Jesus, existimos para o Pai; que em Jesus devemos viver para servir e não para ser servidos”.

“Lembrar é repetir com a inteligência e a vontade que a Páscoa do Senhor é suficiente para a vida do jesuíta. Não precisa de mais nada”, acrescentou.

Em seu discurso, também insistiu que o critério do jesuíta deveria ser "imitar Jesus", que "se humilhou e obedeceu até a morte".

Uma segunda ideia é "crescer". "Vocês são chamados nesses anos a crescer, aprofundando as raízes. A planta cresce das raízes que não se veem, mas juntas se sustentam”. O Papa usou essa imagem para expressar a necessidade de que os sacerdotes tenham raízes profundas que os sustentem.

Nesse sentido, advertiu que a planta "deixa de dar frutos não quando tem poucos ramos, mas quando as raízes se secam". No caso do sacerdote, "ter raízes é ter um coração bem enxertado, que em Deus é capaz de se dilatar".

Além disso, citou a "liberdade" e a "obediência" como "duas virtudes que crescem e caminham juntas". "A liberdade é essencial, pois 'onde se acha o Espírito do Senhor aí existe a liberdade'", afirmou, recordando a carta de São Paulo aos Coríntios.

“O Espírito de Deus fala livremente a cada um através de sentimentos e pensamentos. Não pode ser fechado em tabelas, mas acolhido com o coração, em caminho, por filhos livres, não por servos. Desejo que vocês sejam filhos livres que, unidos nas diversidades, lutem todos os dias para conquistar a liberdade maior: a de si mesmos”.

Então, incentivou a rezar, “a oração é uma grande ajuda, para nunca ser descuidados”.

A terceira ideia que o Papa refletiu foi a de "amadurecer". "Não se amadurece nas raízes e no tronco, mas colocando para fora os frutos que fecundam a terra de sementes novas. Aqui, entra em jogo a missão, o colocar-se face a face com as situações de hoje, cuidando do mundo que Deus ama”, indicou.

O Papa terminou seu discurso afirmando que, ao contemplar o Colégio de Jesus em Roma, "vejo uma comunidade internacional chamada a crescer e amadurecer junto".

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