Através de um comunicado, o Bispo de São Pedro de Macorís, Dom Francisco Ozoria Acosta, expressou o respaldo de todo o clero diocesano ao trabalho que realiza o sacerdote  P. Christopher Hartley a favor dos imigrantes haitianos, que são trazidos ilegalmente para trabalhar em condições desumanas nos engenhos açucareiros.

Nos últimos dias, meios de comunicação dominicanos lançaram uma campanha contra o trabalho pastoral do P. Hartley, Pároco de São José de Los Planos, com os trabalhadores dos campos de cana e suas famílias.

Os bispos asseguraram que graças a este trabalho, os imigrantes “conheceram sua dignidade e seus direitos” e perderam progressivamente o temor a denunciar as injustiças que sofrem e a “reclamar e defender seus direitos humanos e trabalhistas”.

“Este trabalho de formação, toma de consciência e organização dos moradores dos campos, tanto dominicanos como haitianos, está dificultando manter o regime trabalhista abusivo ao que tradicionalmente estiveram submetidos”, afirma o texto. Adiciona que “isto afetou os lucros econômicos de algumas empresas situadas em seu território e que sustentam seus benefícios em flagrantes injustiças”.

Entretanto, o Prelado assinala que quem se opõe a este trabalho recorrem à “exaltação e defesa da dominicaneidade” sob “um falso patriotismo”, fomentando “graves atitudes xenófobas e racistas”.

Dom Ozoria recordou que “a Igreja não pode permanecer indiferente ante as vicissitudes sociais” porque é “servidora da salvação não em abstrato ou em sentido meramente espiritual”. Além disso, explica que “enquanto a pobreza fira e desfigure a um ser humano, em certa maneira, toda a sociedade ficará ferida”.

O comunicado assinala que “é um direito e uma obrigação do Estado defender a soberania nacional”, mas “não está bem” que se jogue com uma dupla  moral, “por um lado fazendo uma propaganda de dominicanismo e por outra parte aproveitando-se da mão de obra barata haitiana”.

Do mesmo modo, indica que pedir que se lhes trate como pessoas de acordo com o direito nacional e internacional não é haitianizar, mas sim “humanizar o país”.

Por isso, pede aos paroquianos, entre outras coisas, informar-se adequadamente da situação na paróquia São José de Los Planos, não cair no racismo, promover a Doutrina Social da Igreja, assim como orar ao Senhor e a Santa María por esta necessidade.

“Reconhecemos com admiração e apoiamos o trabalho do P. Christopher, pároco de São José de Los Planos, em favor de toda a população, mas em especial dos mais desfavorecidos de nossos campos e bateyes”, afirma Dom Ozoria.