A exumação dos restos mortais de Francisco Franco do Vale dos Caídos foi um dos temas discutidos pela vice-presidente do governo espanhol, Carmen Calvo, e pelo Secretário de Estado da Santa Sé, Cardeal Pietro Parolin, durante seu encontro no Vaticano em 29 de outubro.

Em meio às diversas informações da mídia sobre isso, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke, explicou em 30 de outubro que “o Cardeal Pietro Parolin não se opõe à exumação de Francisco Franco, se as autoridades competentes assim decidirem, mas em nenhum momento se pronunciou sobre o local do novo sepultamento”.

“É verdade que a Sra. Carmen Calvo expressou sua preocupação com o possível sepultamento na Catedral de Almudena e seu desejo de explorar outras alternativas, também através do diálogo com a família. O Cardeal Secretário de Estado achou que essa solução era apropriada", assegurou Burke.

Esta declaração da Santa Sé foi divulgada depois que a vice-presidente da Espanha disse aos jornalistas nos corredores do Congresso dos Deputados de Madri que o Cardeal Parolin concordou com ela que os restos de Franco "não podiam terminar em Almudena".

O Vale dos Caídos está localizado na Serra de Guadarrama, no vale de Cuelgamuros, a 55 quilômetros de Madri. Foi construído a pedido de Francisco Franco entre 1940 e 1958, como um mausoléu daqueles que lutaram na Guerra Civil Espanhola. É um complexo arquitetônico que conta com uma cruz – a mais alta do mundo – uma escadaria, esplanada, basílica e uma abadia beneditina.

Franco foi enterrado neste local quando faleceu em 1975, assim como José Antonio Primo de Rivera, criador da Falange, partido político do qual Franco era líder. Junto com eles também estão os corpos de aproximadamente 34 mil combatentes da Guerra Civil de ambos os lados.

Trata-se de monumento controverso, pois para os seus detratores é uma lembrança do regime de Franco e da exaltação da sua memória.

Em agosto deste ano, o governo socialista de Pedro Sánchez aprovou a exumação dos restos mortais de Francisco Franco do Vale dos Caídos, modificando a Lei de Memória Histórica.

A Arquidiocese de Madri pediu para que não envolvessem "a Igreja em disputas políticas" e ressaltou que a transferência "deve ser feita com o maior consenso possível, especialmente entre o governo e a família do falecido".

Nesse comunicado, o Arcebispado de Madri afirmou sua "disposição para recolher os restos mortais de um batizado em um terreno sagrado”.

Confira também: