Durante a Missa celebrada nesta segunda-feira, 8 de outubro, na Casa Santa Marta, o Papa Francisco se serviu da parábola do Bom Samaritano para convidar a ser  “cristãos que não têm medo de sujar as mãos, as vestes, quando se fazem próximos do outro”.

O Pontífice ressaltou como somente o samaritano, considerado um pecador, se deteve para socorrer o homem agredido e abandonado ferido no caminho e que foi ignorado por homens considerados virtuosos, como um sacerdote e um levita.

O samaritano “não olhou o relógio, não pensou no sangue. Chegou perto dele, desceu do burro, fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Sujou as mãos, sujou as vestes de sangue. Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão”.

“Mas eu o deixo no albergue, chamem os médicos que venham. Eu vou embora, fiz minha parte. Não. Cuidou dele. Ele não era um funcionário, era um homem com coração, um homem com o coração aberto”.

Assim, o Santo Padre exortou a abrir verdadeiramente o coração às surpresas de Deus: “Você é cristão?”. “Você é aberto às surpresas de Deus ou é um cristão funcionário, fechado?”. A estas perguntas, Francisco assinalou, se pode responder com condescendência própria do “cristão funcionário”. “Eu faço isso, vou à missa ao domingo, comungo, me confesso uma vez por ano, faço isso, faço aquilo. Cumpro as obrigações”.

Entretanto, assim é como atuam os “cristãos funcionários”, advertiu o Papa, “que não são abertos às surpresas de Deus, que sabem muito de Deus, mas não encontram Deus. Aqueles que nunca se surpreendem diante de um testemunho. Pelo contrário: são incapazes de testemunhar”, advertiu.

Por isso, exortou os leigos e os pastores a se perguntar se têm o coração aberto às surpresas de Deus, “ao que o Senhor nos dá todos os dias”.

“Cada um de nós é o homem ali ferido, e o Samaritano é Jesus. Ele curou nossas feridas. Fez-se próximo. Cuidou de nós. Pagou por nós”, concluiu.

Evangelho comentado pelo Papa Francisco:

Lc 10,25-37

Naquele tempo, 25um mestre da Lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” 26Jesus lhe disse: “Que está escrito na Lei? Como lês?” 27Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e a teu próximo como a ti mesmo!” 28Jesus lhe disse: “Tu respondeste certamente. Faze isso e viverás”. 29Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no, e foram-se embora deixando-o quase morto. 31Por acaso, um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. 32O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. 33Mas um samaritano que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. 34Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem no seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: “Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais”. E Jesus perguntou: 36“Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37Ele respondeu: ”Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa”.

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