Os 7 monges trapistas do mosteiro argelino de Tibhirine, martirizados por terroristas islâmicos em 21 de maio de 1996, serão beatificados no próximo dia 8 de dezembro, junto com o Bispo de Orán, Dom Pierre Claverie, e outros 10 mártires assassinados em diferentes circunstâncias durante a guerra civil argelina no final do século XX.

Segundo anunciou a Conferência Episcopal Argelina através de um comunicado, a beatificação será na Argélia, no Santuário de Nossa Senhora da Santa Cruz de Orán. A cerimônia será presidida pelo Cardeal Angelo Becciu, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, enviado pelo Papa Francisco.

Neste comunicado, os Bispos argelinos expressaram sua alegria por poder comunicar esta notícia, além de expressar a sua gratidão ao postulador da causa de beatificação, Pe. Thomas Georgeon, e a todos os que ajudaram neste processo.

O comunicado assinala que os novos beatos "nos foram dados como intercessores e modelos da vida cristã, da amizade e da fraternidade, do encontro e do diálogo. Que o exemplo deles nos ajude em nossa vida hoje".

"Na Argélia, a sua beatificação será, para a Igreja e o mundo, um apelo para construir juntos um mundo de paz e de fraternidade”, conclui o comunicado.

Os 7 mártires de Tibhirine

Dos novos Beatos, os mais conhecidos são os 7 monges trapistas do mosteiro de Tibhirine, devido ao seu sequestro e assassinato. Suas vidas foram mostradas no filme francês "Deuses e homens", lançado em 2010.

O Mosteiro de Nossa Senhora do Atlas, fundado em 1938 na cidade de Tibhirine, foi o cenário de um dos episódios mais sangrentos da guerra civil argelina na década de 90 do século XX.

Os grupos terroristas islâmicos lançaram uma campanha contra os estrangeiros residentes no país, especialmente contra os de nacionalidade francesa, e os lugares cristãos foram um dos seus principais objetivos.

Apesar disso, os monges trapistas do mosteiro de Tibhirine decidiram permanecer devido ao forte vínculo que tinham com a população local, à qual ofereciam um serviço médico fundamental.

Na madrugada do dia 27 março de 1996, os terroristas do Grupo Islâmico Armado (GIA) assaltaram o mosteiro e sequestraram 7 dos 9 monges que havia naquele momento. Todos de nacionalidade francesa.

As negociações para trocar os monges pelos prisioneiros do GIA não funcionaram e, em 21 de maio de 1996, os terroristas anunciaram que tinham decapitado sete monges. As suas cabeças apareceram em 30 de maio, mas seus corpos nunca foram encontrados.

Dom Claverie

Após o assassinato dos monges de Tibhirine, Dom Claverie sabia que a sua vida corria grave perigo. Em 1º de agosto de 1996, uma bomba explodiu na entrada do Bispado, matando o Bispo e o seu assistente.

Dom Claverie nasceu na Argélia em 1938, durante a dominação francesa do país. Na Argélia, viveu durante toda a sua infância e adolescência, depois foi transferido para a Europa para ser formado com os dominicanos.

Voltou à Argélia e, depois de servir como diretor do Instituto, foi nomeado Bispo de Orán em 1981. Grande conhecedor da religião islâmica, durante o seu ministério se esforçou para aproximar os cristãos e muçulmanos e promover o diálogo inter-religioso.

Após a explosão da guerra civil argelina em 1991, esforçou-se para alcançar a paz e acabar com os massacres e com a violência. Foi precisamente o seu envolvimento a favor de uma solução não violenta ao conflito o que o colocou no alvo dos extremistas que, finalmente, acabaram com a sua vida.

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