O Arcebispo da Filadélfia (Estados Unidos), Dom Charles Chaput, propôs aos católicos que respondam com a "ira que dá bons frutos" ao escândalo dos abusos sexuais na Pensilvânia.

Em sua coluna intitulada "Na ira, dor e futuro", publicada em 17 de agosto, em CatholicPhilly.com, o Arcebispo refletiu sobre a reação adequada para os católicos depois de se conhecer o relatório da Suprema Corte da Pensilvânia que detalha mais de mil casos de abusos sexuais cometidos por membros do clero ao longo dos últimos 70 anos nas dioceses de Allentown, Erie, Greensburg, Harrisburg, Pittsburgh e Scranton.

Depois de assinalar que "a substância do relatório é brutalmente gráfica e profundamente perturbadora como uma crônica do mal infligido a centenas de pessoas inocentes", Dom Chaput explicou que "as únicas respostas aceitáveis ​​são a dor e o apoio às vítimas, assim como um esforço integral para assegurar que estas coisas nunca mais acontecerão. E a ira".

"A ira – continuou – é uma resposta correta e necessária, mas precisa ser uma ira que dê bons frutos, uma ira guiada pelo pensamento claro, pela prudência e pelo verdadeiro desejo de justiça. Esse tipo de ira é o que devemos viver esta semana e que continue conosco nos próximos dias”.

O relatório de 884 páginas foi escrito por 23 membros de um grande júri, que durante 18 meses examinou meio milhão de páginas de documentos. O FBI ajudou na investigação destes casos ocorridos entre 1947 e 2017.

A ira proposta por Dom Chaput deve tomar o lugar da "raiva que, para muitos, foi a emoção que escolheram".

"Esta ira – continuou o Arcebispo – é a que Jesus mostrou aos vendedores do templo, os saduceus e os fariseus. Não era algo meramente aceitável, mas bom e correto, assim como a ira que os habitantes da Filadélfia sentiram pela arquidiocese depois que em 2005 e 2011 o grande júri divulgou o seu relatório de maneira similar à Pensilvânia".

Depois de relatar brevemente alguns esforços que foram realizados em sua arquidiocese para assegurar o bem-estar dos fiéis e cura das vítimas de abusos, Dom Chaput destacou que "reconstruir a confiança do nosso povo e o espírito dos nossos bons sacerdotes só pode ser obtido ao longo do tempo quando se fazem bem as coisas".

Dom Chaput também aderiu à recente declaração do Cardeal Daniel DiNardo, presidente do Episcopado norte-americano, que em 16 de agosto se pronunciou ante o relatório da Pensilvânia e o caso de Theodore McCarrick, pedindo perdão pelos abusos e anunciando uma série de medidas para que isso não aconteça novamente, como uma visita apostólica (investigação) que pediram que o Vaticano realize.

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