Uma multidão de fiéis participou no último domingo, 8 de julho, de uma Missa na qual renovaram a consagração da Argentina à sua padroeira, Virgem de Luján, e clamaram por respeito a toda vida humana, frente à ameaça da legalização do aborto no país.

No último dia 14 de junho, a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou o projeto de despenalização do aborto com 129 votos a favor, 125 contra e uma abstenção. O texto agora deve ser debatido no Senado.

A iniciativa recentemente aprovada permite o aborto livre até a 14ª semana de gestação e até os nove meses de gestação em casos de violação, de risco à saúde da mãe e de inviabilidade do feto. Do mesmo modo, não permite a objeção de consciência.

Na Missa presidida no domingo por Dom Oscar Ojea, Bispo de San Isidro e presidente da Conferência Episcopal Argentina (CEA), participaram milhares de jovens e famílias, que começaram a chegar ao Santuário Mariano de Luján no sábado à noite.

Foi formada uma “onda azul” em torno à basílica, onde muitos jovens tinham lenços desta cor com a frase “Salvemos as duas vidas”, o lema com o qual muitos argentinos defendem o direito à vida dos nascituros e das suas mães.

“Convocados pela nossa Mãe, viemos de diversos lugares do país para nos colocarmos sob o seu olhar neste momento tão delicado para a nossa Pátria. Estamos perplexos e entristecidos ante a possibilidade de que se sancione a lei da despenalização do aborto”, disse Dom Ojea em sua homilia.

“Seria a primeira vez que decretariam na Argentina e em tempos de democracia uma lei que legitima a eliminação de um ser humano por outro ser humano”, lamentou.

Em seguida, o Bispo explicou que “a Virgem conhece este desamparo e esta tristeza, conhece-os por experiência própria aos pés da cruz”.

“Na cruz, Jesus a converteu em Mãe de todos os homens e diante desta querida imagem de Luján que soube receber as tristezas e as alegrias de todo o povo argentino ao longo da sua história, queremos encontrar em seu olhar terno o calor do lar, a serenidade do coração, a luz da sabedoria e as forças necessárias para contribuir com o melhor de nós neste momento”, acrescentou.

Depois de destacar que a vida “é puro dom de Deus, e por isso é sagrada”, o prelado sublinhou que “não somos seus donos”. “Somos administradores deste grande bem. Ela é o bem primeiro e fundamental, um bem que está além de nós. Um bem que não ‘fabricamos’, embora tenhamos a maravilhosa possibilidade de transmiti-lo colaborando com o Criador”.

Também agradeceu “a tantas mães que souberam superar circunstâncias muito complexas, optando por cuidar e defender a criança que está em seu ventre”.

“Nós, homens, não podemos sentir em nosso corpo a presença de outro ser humano que cresce. Não podemos experimentá-lo em nós. As mulheres nos transmitem essa coragem e esta entrega pelo compromisso corporal que têm com a vida e pela sua proximidade com ela”.

O presidente da CEA também encorajou a pedirem a “Virgem para aprender a ser servidores da vida, ou seja, a criar circunstâncias adequadas para a sua chegada e para o seu desenvolvimento. Aqueles que dizem que defendem a vida desde a concepção até o seu fim natural, passando por todos os estágios do seu crescimento, não podem permanecer em declarações e palavras”.

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“É necessário encontrar soluções novas e criativas para que nenhuma mulher procure um resultado que não é solução para ninguém”, destacou.

“Neste Santuário foram depositados os segredos do coração de tantas pessoas, especialmente de tantas mães que encontraram descanso no olhar misericordioso de Maria. Olhemos novamente nos seus olhos e peçamos que nos dê a sua bênção”.

Para concluir, o Bispo Ojea exortou a pedir à Virgem “que, através de nós, olhe para todos os lares do nosso país, especialmente aos nossos jovens, nossos meninos e meninas que crescem no ventre das suas mães e que são a nossa maior riqueza, o nosso maior tesouro”.

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