O Papa Francisco seguiu com suas catequeses sobre os Mandamentos e assinalou que o mundo não precisa de legalismos, mas de cristãos com o coração de filhos.

“Todo o cristianismo é a passagem da letra da Lei ao Espírito, que dá a vida”, sublinhou. “Jesus é a Palavra do Pai, não é a condenação do Pai”, explicou na Praça de São Pedro.

“Vê-se quando um homem ou uma mulher viveram esta passagem ou ainda não. As pessoas percebem se um cristão raciocina como filho ou como escravo. E nós mesmos recordamos se nossos educadores cuidaram de nós como pais e mães ou se só impuseram regras”.

Em sua nova catequese, afirmou que “na Bíblia os mandamentos não vivem por si mesmos, mas são parte de um relacionamento, o da Aliança entre Deus e seu povo”.

Francisco explicou que “a tradição hebraica chamará sempre Decálogo as Dez Palavras” e “o termo ‘decálogo’ quer dizer isso (palavras de vida) e tem forma de leis, mas são objetivamente mandamentos”.

O Papa explicou porque se usa na Escritura o termo “dez palavras” e não “dez mandamentos”. “A ordem – explicou – é uma comunicação que não requer diálogo. A palavra, pelo contrário, é o meio essencial da relação como diálogo. Deus Pai cria por meio da sua palavra, e o seu Filho é a Palavra feita carne. O amor nutre-se de palavras e assim a educação ou a colaboração. Duas pessoas que não se amam, não conseguem se comunicar”, mas “quando alguém fala ao nosso coração, nossa solidão termina”.

“Uma coisa é receber uma ordem, outra bem diferente é perceber que alguém fala conosco”, acrescentou.

Neste sentido, indicou que “um diálogo é muito mais do que a comunicação de uma verdade. Realiza-se pelo prazer de falar e pelo bem concreto que se comunica entre eles que se querem bem por meio das palavras”.

O Pontífice recordou que “o Tentador quer enganar o homem e a mulher sobre este ponto: quer convencê-los de que Deus os proibiu de comer do fruto da árvore do bem e do mal para mantê-los submissos”.

“O desafio é justamente este: a primeira norma que Deus deu ao homem, é a imposição de um déspota que proíbe e obriga, ou é o cuidado de um pai que está cuidando os seus pequenos e os protege da autodestruição?”, perguntou-se.

“A mais trágica entre as mentiras que a serpente diz a Eva é a sugestão de uma divindade invejosa e possessiva” e  “os fatos demonstram dramaticamente que a serpente mentiu”, sublinhou.

“O homem está diante desta encruzilhada: Deus me impõe as coisas ou cuida de mim? Os seus mandamentos são somente uma lei ou contém uma palavra, para cuidar de mim? Deus é patrão ou Pai?”.

“Este combate, dentro e fora de nós, apresenta-se continuamente: mil vezes devemos escolher entre uma mentalidade de escravos e uma mentalidade de filhos. O Espírito Santo é um Espírito de filhos e o Espírito de Jesus”.

Francisco pontuou que “um espírito de escravos acolhe a Lei de modo opressivo e pode produzir dois resultados opostos: ou uma vida feita de deveres e de obrigações, ou uma reação violenta de rejeição”.

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