Neste dia 19 de junho, completa-se 9 anos da prisão de Asia Bibi, mãe católica que foi acusada de blasfêmia no Paquistão após beber água de um poço e ser apontada por um grupo de muçulmanas que disseram que ela havia contaminado a água por ser cristã.

O caso aconteceu em 14 de junho de 2009. Após beber a água do poço e ouvir as muçulmanas dizerem que havia contaminado a água, Bibi respondeu aos insultos contra a fé afirmando: “Creio na minha religião e em Jesus Cristo que morreu na Cruz pelos pecados da humanidade. O que seu profeta Maomé fez para salvar a humanidade?”.

Apesar das ameaças que logo surgiram, a prisão de Bibi aconteceu apenas cinco dias depois, em 19 de junho daquele ano. Mais tarde, em 8 de novembro de 2010, foi condenada à morte por enforcamento por um Tribunal de primeira instância.

Em 2014, o Tribunal de Lahore confirmou esta condenação à morte, mas a sentença foi suspensa em julho de 2015, pelo Supremo Tribunal. O caso foi retomado em outubro de 2016, quando o tribunal iria apreciar o recurso interposto pela defesa de Asia Bibi, porém, um dos juízes pediu dispensa.

Neste ano, o presidente do Tribunal Supremo do Paquistão, Mian Saqib Nisar, anunciou que retomará o julgamento que definirá a libertação de Asia Bibi.

Nisar teve uma audiência com o advogado de Bibi, Saiful Malook, em 21 de abril, ao qual disse: “Prepare-se. Vou consertar seu caso em breve e eu mesmo presidirei a corte”. Por isso, atualmente, aguarda-se a decisão do presidente do Supremo Tribunal, embora ainda não se saiba quando irá acontecer.

Após a condenação de Asia Bibi à morte, logo se deu início à batalha legal para salvá-la, envolvendo diversas pessoas, algumas das quais se tornaram também vítimas de perseguição.

Em 2011, os principais funcionários que trabalharam para a libertação desta mãe católica, o líder católico e Ministro das Minorias Shabahz Bhatti e o governador Punjab, Saalman Taser, foram assassinados.

Além disso, conforme recorda a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), em maio deste ano, um ministro do governo paquistanês, Ahsan Iqbal, foi ferido a tiro após ter participado de uma reunião com a comunidade cristã em Narowal, no Punjab.

O autor da tentativa de assassinato, Abid Hussain, foi detido pela polícia e assumiu ser militante do partido islamita extremista Tehreek-e-Labaik, organização que não admite qualquer mudança na Lei da Blasfêmia.

Um presente e o apoio do Papa

Na prisão, Asia Bibi conta com o apoio e as orações do Papa Francisco, como o próprio Pontífice já expressou em duas ocasiões em que se encontrou com o marido e a filha desta paquistanesa, Ashiq Masih e Eisham, respectivamente.

O primeiro encontro aconteceu em abril de 2015, na Praça de São Pedro, quando Ashiq e Eisam foram acompanhados por Ignácio Arsuaga, presidente da plataforma espanhola HazteOír de defesa dos direitos humanos. Eles receberam a bênção do Papa Francisco, enquanto o Pontífice expressou ao marido de Asia Bibi: “Rezo por Asia, por ti e por todos os cristãos que sofrem”.

O segundo encontro se deu em fevereiro deste ano, no contexto de uma iniciativa organizada pela Fundação ACN em que se procurou lembrar ao mundo os cristãos perseguidos. Na ocasião, estiveram por cerca de 40 minutos com o Santo Padre no Palácio Apostólico do Vaticano.

O Papa Francisco assegurou ao marido e à filha de Asia Bibi que reza por ela e enviou-lhe um terço de presente.

Segundo a Fundação ACN, quando Eisham entregou a sua mãe o terço oferecido pelo Papa Francisco e lhe contou o comovente encontro com o Santo Padre, Asia Bibi falou em “milagre”, e disse que era “a primeira vez” em nove anos que podia ter consigo “na cela, um objeto religioso”.

“Recebo este dom com emoção e gratidão”, disse Asia Bibi, segundo o relato do seu marido. “Para mim este terço será um grande consolo, assim como me conforta saber que o Santo Padre reza por mim e pensa em mim nestas difíceis condições que me encontro”.

Bibi também agradeceu o empenho de tantas pessoas pela sua libertação e pela causa da liberdade religiosa no mundo. “A atenção internacional sobre o meu caso é fundamental”, afirmou.

“De fato, é por isso que ainda estou viva. Agradeço à Fundação ACN por tudo o que fazem, não somente para mim, mas por todas as outras vítimas desta lei anti-blasfêmia que atinge as minorias religiosas”, completou.

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