A seleção de Portugal estreia nesta sexta-feira na Copa do Mundo contra a Espanha e à sua frente estará o técnico Fernando Santo, católico, devoto de Nossa Senhora de Fátima e do silêncio, como ele mesmo se define.

Às vésperas da estreia do Mundial, Santos concedeu uma entrevista à revista ‘Igreja Viva’, da Arquidiocese de Braga, Portugal, na qual falou sobre sua vida de fé, conversão e a responsabilidade de seu testemunho.

Filho de pais católicos “mas sem prática nenhuma”, Fernando Santos contou que ainda menino, aos seis anos entrou para a catequese e, logo em seguida, para a Crisma. Porém, passado um tempo, um “percalço” fez com que saísse e não voltasse mais.

“Não houve nenhum problema, nem chega a ser um desentendimento”, relatou, ao assinalar que simplesmente deixou de participar e “havia outras coisas para fazer, tipo jogos de futebol”.

Mesmo assim, reconheceu que ao olhar para trás sabe que nunca esteve sozinho ou foi abandonado pelo amor de Deus. Desde criança, faz as mesmas orações, um hábito do qual não abre mão, mesmo quando o cansaço o abate.

E, neste percurso, algo que também sempre se manteve presente foi Nossa Senhora de Fátima. Na infância, costumava ir com os pais uma ou duas vezes por ano ao Santuário da Cova da Iria.

“Houve sempre esta ligação. Fui crescendo e a minha ligação a Deus, entre casamentos, batizados e a Cova da Iria, foi se mantendo”, indicou.

Nesse sentido, o técnico assegurou que continua “a ser um devoto de Fátima, sobretudo um devoto do silêncio”.

Primeiramente, recordou, ia com os pais ou amigos para fazer seus pedidos à Virgem. “E bem, porque interceder a Nossa Senhora é a melhor maneira, seguramente, de conseguir algo junto do Filho”.

Mais tarde, relembrou, veio a época da Universidade, “um período em que se põem mais questões”. “Lembro-me muitas vezes de uma questão que colocava aos meus amigos que acreditavam mais… ‘Então se Deus está em todo o lado, está lá no quintal da minha avó, não é?’ Eles diziam que sim. E eu respondia ‘pois, mas a minha avó não tem quintal!’”, narrou.

Mesmo com essa trajetória de não ter construído uma “casa sobre a rocha”, fez questão de “casar pela Igreja” e, mais tarde, batizou seus filhos. Até que uma de suas filhas estava se preparando para receber o sacramento da Crisma e pediu aos pais que a acompanhassem na preparação.

Outro momento que recordou como importante nesse seu processo de conversão foi um encontro que teve com um sacerdote com o qual marcou de almoçar e conversar. Este padre lhe deu de presente o livro ‘A fé explicada’, do qual lhe chamou a atenção o capítulo sobre o pecado.

“Uma coisa que sempre me transtornou a cabeça tinha a ver com o castigo, a ideia de um Deus um bocadinho castigador, os pecados… Sempre me fez muita confusão. Depois de ter lido esse capítulo fiquei a perceber mais: falava do pecado mortal, do pecado venial… Foi o suficiente para me aliviar um bocadinho”, disse.

Então, entrou novamente em contato com o sacerdote para marcar de conversar. Ao chegar à paróquia, contou, logo foi dizendo ao padre que não estava lá para se confessar. Porém, após duas horas de conversa, terminou no confessionário.

Passou “a ir” à Missa, inicialmente sentando-se nos últimos bancos e, mais tarde, com a esposa, começou a se aproximar do altar.

Surgiu então um convite, fazer um Cursilho de Cristandade, do qual regressou outro. “Caí do cavalo abaixo!”, expressou ao admitir que “pensava que Ele (Jesus) estava morto e enterrado, bem enterrado. Eu não percebia nada dessas coisas, sabia lá que Ele estava vivo!”.

E esta foi sua “grande descoberta”. Agora, “o que me toca é o sacrário, saber que Ele está ali, que posso conversar com Ele, que Ele ouve o que eu digo… E uma coisa boa é que não me responde logo! Responde sempre, mas não me interpela logo ali. Essa descoberta muda-me radicalmente, a questão do amor começou ali a germinar”, assinalou à revista ‘Igreja Viva’.

Depois do Cursilho, a “ida” à Missa se transformou em “participação” na eucaristia. Além disso, daquele encontro, traz consigo sempre um crucifixo que recebeu e que representa um compromisso com Cristo.

Para Santos, “seguramente é o maior compromisso da nossa vida”. “Socialmente é um grande compromisso, porque a partir daqui nós temos a responsabilidade clara e inequívoca de cumprir aquilo que Ele nos pede. E Ele só nos pede uma coisa: que amemos o Pai acima de todas as coisas e que amemos os irmãos como Ele nos amou”.

“O que nos diz depois? ‘Ide e evangelizai’. São tão poucas coisas que pede! Se não as queremos cumprir, então por que assumimos o compromisso?”, perguntou-se.

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“Tenho a noção exata de que o meu testemunho neste momento é uma grande responsabilidade. Sinto-me feliz por ter essa responsabilidade, não me quero é sentir presunçoso, essa é que é a minha luta constante”, revelou.

Por isso, todos os dias, sua primeira oração em diálogo “com o Espírito Santo é pedir o dom da sabedoria, a dos pequeninos, para poder ouvi-Lo, escutá-Lo. Depois vem a perseverança, deixar que Ele me ame sempre. E em terceiro lugar a humildade, para que O possa servir servindo aos irmãos”.

Para ler a entrevista completa de Fernando Santos à revista ‘Igreja Viva’, basta acessar AQUI.

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