Em Moçambique, 10 pessoas, entre as quais mulheres e duas crianças, foram decapitadas por um grupo que, segundo indicam fontes da Associação Ajuda à Igreja que Sofre, estaria ligado a extremistas islâmicos.

Os ataques ocorreram essencialmente no dia 26 de maio, no povoado de Olumbi, a cerca de 45 quilômetros da vila de Palma, sede de distrito. Segundo TVM, as dez pessoas foram sequestradas e posteriormente decapitadas por membros de um grupo armado com fortes ligações a radicais islâmicos.

Após este fato, a atuação da polícia e do exército, no último fim de semana, resultou em 8 mortos e um número indeterminado de detidos, informa a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) Portugal.

Além disso, na segunda-feira, 4 de junho, um grupo armado com catanas assassinou pelo menos sete pessoas e feriu quatro, na localidade de Macomia, na província de Cabo Delgado. Trata-se, conforme pontua a Rádio Renascença, de uma “zona onde têm sido relatados ataques levados a cabo por radicais islâmicos”.

Diante desses casos de violência, o ministro da Indústria e Comércio de Moçambique, Ragendra de Sousa, admitiu à agência Lusa que o governo “não tem controle total” sobre os movimentos religiosos estrangeiros que têm conduzido ataques armados no norte do país.

“O governo embarcou de forma séria na procura da paz duradoura, mas os movimentos de vários carácteres e origens não estão sob controle total de Moçambique, encontrámos movimentos de cariz religioso que, de fato, não têm origem em Moçambique”, declarou à Lusa.

O ministro afirmou que este problema não deve ser resolvido “só pela vida da força”, mas é preciso “ir para aquela região com programas econômicos, empregar a juventude e aumentar a produção”.

Estudo recente citado pela Fundação ACN indica que esses grupos “usam o radicalismo islâmico para atrair seguidores, aos quais pagam rendimentos acima da média, financiados por rotas de comércio ilegal de madeira, rubis, carvão e marfim, daquela região para o estrangeiro”.

O estudo foi divulgado pela agência de notícias alemã ‘DW’ e afirma que estes grupos “incluem membros de movimentos radicais que têm sido perseguidos a norte pelas autoridades do Quênia e da Tanzânia”, e que alguns elementos teriam “sido treinados por milícias da região dos Grandes Lagos, que, por sua vez, também têm ligações ao grupo terrorista Al-Shabaab, na Somália”.

Estes ataques, acrescenta ‘DW’, “surgiram numa altura em que estão a avançar os investimentos no terreno para exploração de gás natural em Cabo Delgado, prevendo-se que a produção arranque dentro de cinco a seis anos, no mar e em terra, com o envolvimento de algumas das grandes petrolíferas mundiais”.

Esses ataques no norte de Moçambique começaram a ser registrados em outubro do ano passado, quando um grupo de homens armados atacou a localidade de Mocímboa da Praia, deixando um rastro de morte e destruição. Somente ao fim de alguns dias é que as autoridades moçambicanas conseguiram recuperar o controle da região.

Segundo a ACN, as autoridades não descartam que estes atos de terror possam estar sendo executados ou de alguma forma apoiados por grupos extremistas com ligações à Somália onde atua o Al-Shabaab, o que poderá ser também uma consequência da onda de refugiados deste país que, nos últimos anos, tem seguido para Moçambique. 

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