Diversos Bispos portugueses lançaram apelos nos últimos dias aos deputados do país, pedindo que ouçam as manifestações da população pela não legalização da eutanásia, frente ao debate de projetos relacionados a este tema, marcado para a próxima terça-feira, 29 de maio.

Em declarações à Agência Ecclesia, do episcopado português, o Cardeal-patriarca de Lisboa, Dom Manuel Clemente, afirmou que, levando em consideração as várias manifestações de pessoas e organizações “insistentemente no sentido do não, se a Assembleia quer estar em sintonia com a sociedade tem de ter isso em conta”.

“Apesar deste debate não ter sido tão longo, aprofundado e participado como poderia ser, tantas pessoas se manifestaram, tantas organizações da sociedade civil se manifestaram, também religiosas, sendo a primeira vez que as grandes religiões presentes no nosso país se manifestaram”, assinalou, recordando a declaração conjunta assinada por representantes de diferentes religiões.

Nesse sentido, o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse esperar “que todos e cada um dos deputados, como legisladores que são, tenham devidamente em conta o que a sociedade tem manifestado”.

Além disso, sublinhou que “está mais do que provado que quando se abra um pouco essa porta, rapidamente se escancara”, tendo em vista as “advertências” de países onde a eutanásia foi aprovada, nos quais se vê “resultados desastrosos”, como o “aumento, em 10 anos, de 700% dos casos, como acontece na Bélgica”.

 “Peço com muita insistência a cada um dos deputados que tenham tudo isto em conta na altura de votarem e espero que votem não”, completou.

Também o Arcebispo de Braga, Dom Jorge Ortiga, defendeu que é preciso “exigir que os nossos deputados cumpram o que têm no programa eleitoral e não se lancem em aventuras que não foram diretamente sujeitadas aos nossos votos”.

“Elucidemo-nos sobre o que se pretende com a eutanásia e criemos uma corrente de pensamento capaz de impedir quantos pretendem legislar sobre esta melindrosa questão”, declarou na homilia na peregrinação arciprestal de Vila do Conde/Póvoa de Varzim a Nossa Senhora da Saúde, em Laúndos.

Por sua vez, o Bispo do Porto, Dom Manuel Linda, lançou um apelo para “que os deputados sejam de fato consequentes com o povo que dizem servir”, o qual “não quer a morte, mas mais condições de vida”.

O Prelado lamentou à Agência Ecclesia que a discussão em torno deste tema tenha sido desenvolvida com base na “emotividade” e de “frases feitas”, e não a partir de uma reflexão em “profundidade”.

“Dizer eu sou a favor da eutanásia porque quero alargar o espaço da liberdade, isto é um chavão que ao fim ao cabo não tem consistência nenhuma na realidade”, assinalou.

O Bispo de Lamengo, Dom António Couto também considerou que “há uma falta de seriedade” em uma questão tão “importante” como é a vida.

O Prelado indicou a Ecclesia que atualmente se tem lidado com “a vida ao desbarato”. Entretanto, defendeu que para debater tais questões é preciso “existir uma discussão séria e longa”, a qual deve “chegar às pessoas todas”.

Nesta terça-feira, 29 de maio, a Assembleia da República de Portugal tem agendada a discussão de quatro projetos de lei sobre a despenalização da eutanásia, apresentados pelos partidos PAN, BE, PEV e OS.

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