Poucos dias antes da reunião dos bispos do Chile com o Papa Francisco para discutir a respeito do caso de Dom Juan Barros, o Comitê Permanente da Conferência Episcopal do Chile (CECh) manifestou a disposição de ter um diálogo “aberto e fraterno”, assim como a “esperança de uma fecunda renovação”.

Em carta assinada em 8 de abril, o Papa convocou os bispos do Chile para uma reunião em Roma para falar do relatório sobre os testemunhos que acusam Dom Juan Barros, Bispo de Osorno, de encobrir os abusos sexuais cometidos por Fernando Karadima.

O encontro será realizado entre os dias 14 e 17 de maio, na Santa Sé.

Em um comunicado divulgado em 10 de maio, o Comitê Permanente da CECh reiterou sua comunhão com o Papa Francisco “na dor e vergonha expressados frente aos delitos cometidos contra menores e adultos em ambientes eclesiais”.

“Reconhecemos que, apesar das iniciativas tomadas pela Igreja nestes últimos anos, nem sempre se conseguiu curar as feridas dos abusos, que continuam a ser uma chaga aberta nos corações das vítimas e do povo de Deus”, diz o texto.

Do mesmo modo, os bispos valorizaram o recente encontro do Pontífice com as três vítimas de Karadima, cuja atitude acolhedora “é um exemplo e mostra a todos nós o percurso que a Igreja chilena é chamada a seguir diante das acusações do abuso de consciência, abuso sexual e, enfim, diante de qualquer abuso de poder que pode se verificar dentro das comunidades eclesiais”.

Os Prelados reiteraram o seu apelo aos fiéis para permanecer em estado de oração pelas vítimas de abuso e suas famílias, e também acompanhá-los espiritualmente em seu encontro com o Papa.

“Confiamo-nos igualmente à  intercessão de Nossa Senhora do Carmo, para que nossa mente e o nosso coração sejam dispostos ao discernimento no espírito de Jesus Cristo, seu filho", conclui o comunicado.

Cardeal Errázuriz não participará da reunião

Na quarta-feira, 9 de maio, o Arcebispo Emérito de Santiago, Cardeal Francisco Javier Errázuriz, comunicou a diferentes meios de comunicação que não participará do encontro do Papa com os bispos do Chile.

Uma das razões, segundo o jornal ‘La Tercera’, é que ele já entregou ao Pontífice um documento sobre o caso Karadima e suas repercussões. Isso ocorreu durante a sua recente viagem a Roma para participar do C9, um grupo de cardeais que assessora o Papa na reforma da cúria romana.

“O Papa pediu aos bispos que fossem a Roma para se reunir com ele. Também convidou os bispos eméritos que quisessem e pudessem participar. Eu voltei de Roma há nove dias. E, realizando um desejo seu, deixei em suas mãos um longo relatório sobre o processo do Pe. Karadima e as ramificações do caso. Por isso, já entreguei a minha contribuição”, disse.

Outros bispos que não viajarão a Roma são os eméritos Bernardino Piñera e Jorge Medina, devido a sua idade avançada (102 e 91 anos, respectivamente). O Bispo Auxiliar de Santiago, Dom Andrés Arteaga, também não viajará devido a sua doença de Parkinson.

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