Apenas poucas horas após anunciar um acordo com as Nações Unidas que previa o cancelamento da deportação de migrantes africanos, Israel suspendeu temporariamente o plano, informando que fará consultas.

Israel recebeu milhares de refugiados africanos, sendo a maioria originária do Sudão e da Eritreia.

Na última segunda-feira, 2 de abril, Israel havia anunciado um acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) que permitiria a mais de 16 mil requerentes de asilo ser acolhidos em países ocidentais como o Canadá, Itália e Alemanha. Por outro lado, o governo de Israel concederia visto de residência a outros cerca de 16 mil imigrantes. Tal plano deveria ser implantado ao longo de cinco anos.

Este acordo tinha a intenção de pôr fim à intenção do governo de Benjamin Netanyahu de deportar milhares de pessoas. Por outro lado, o projeto de deportação, que deveria começar em fevereiro, colocaria em risco a vida de centenas de cristãos que arriscariam a prisão no regresso aos países de origem.

Conforme explica a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), na versão inicial do projeto de deportação, o governo de Israel pretendia oferecer apoio financeiro para os requerentes de asilo poderem regressar aos seus países – tinham 60 dias para decidirem se aceitavam ou não – mas ameaçava com a prisão todos os que recusassem.

Esta proposta, indica ACN, “revelava-se potencialmente perigosa para os imigrantes provenientes da Eritreia, país onde a comunidade cristã é particularmente perseguida”.

No relatório publicado pela Fundação ACN no final do ano passado sobre a perseguição aos cristãos no mundo, é referido que o regime da Eritreia “exerce uma violência extrema sobre os seus cidadãos, com centenas de detidos nas prisões do país”.

Na capital do país, Asmara, cerca de 30 cristãos foram detidos no final de março, desconhecendo-se as razões da atuação das forças de ordem. Quase todos foram libertados ao fim de algumas horas, mas quatro permanecem ainda sob custódia das autoridades tendo sido levados para o estabelecimento prisional de Adi Abeito.

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