O diretor da Sala de Imprensa do Vaticano e porta-voz do Papa Francisco, Greg Burke, negou a assinatura “iminente” de um acordo entre a Santa Sé e a República Popular da China.

Há algumas semanas, os rumores sobre um possível acordo foram constantes, também incentivados pelo fato de que se trataria de uma decisão histórica e marcaria um antes e um depois, pois atualmente a Santa Sé não tem relações diplomáticas com este país asiático.

Em um comunicado, Burke também indica que “o Papa Francisco permanece em constante contato com os seus colaboradores em temas relacionados à China e aos passos do diálogo em andamento”.

No último dia 6 de fevereiro, um jornal pertencente ao Partido Comunista da China publicou que o acordo entre o governo do país asiático e o Vaticano se dará “cedo ou tarde”.

O ‘Global Times’, publicado em inglês e chinês, dedicou a sua nota editorial às negociações realizadas há alguns anos entre a China e o Vaticano.

Segundo informações da agência Reuters, o editorial assinala que “Pequim e o Vaticano estabelecerão relações diplomáticas cedo ou tarde... O Papa Francisco tem uma imagem positiva do povo chinês. Espera-se que incentive os laços entre a China e o Vaticano para solucionar os problemas com a sua sabedoria”.

Embora muitos tenham aplaudido a possível mudança nas relações entre os dois estados, o Bispo Emérito de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen ze-kiun, publicou uma carta em 29 de janeiro na qual manifestou a sua tristeza e discordância por este acontecimento.

Na missiva que publicou em seu site, o Cardeal recordou que nos últimos dias a mídia informou que o Vaticano pediu a um bispo para que renuncie e a outro para que aceite a sua renúncia a fim de permitir que os bispos relacionados ao governo assumam os seus cargos.

Em sua carta, o Purpurado também afirmou que “o problema não é a renúncia dos bispos legítimos, mas o pedido de abrir espaço para aqueles ilegítimos e inclusive excomungados”.

“Eu acredito que o Vaticano está vendendo a Igreja Católica na China? Sim, definitivamente, se estão indo na direção em que estão, de acordo com o que têm feito nos últimos anos e meses”, questionou o Cardeal.

As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano se romperam em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas, os quais expulsaram os clérigos estrangeiros.

Desde então, a China só permite o culto católico por meio da Associação Patriótica Católica Chinesa, fiel ao Partido Comunista da China, e rejeita a autoridade do Vaticano na nomeação de Bispos e no governo da Igreja.

Os bispos legítimos que permanecem fiéis ao Papa, vivem em uma situação próxima à clandestinidade, permanentemente assediados pelas autoridades comunistas.

Atualmente, todo bispo reconhecido pelo governo chinês deve ser membro da associação patriótica e muitos bispos nomeados pelo Vaticano, que não são reconhecidos ou aprovados pelo governo chinês, são perseguidos.

Vários bispos aprovados pelo Vaticano na China estão completando 75 anos, idade na qual devem apresentar a sua renúncia, e muitos outros morreram, enquanto poucos sucessores foram nomeados, provocando questões sobre se o acordo poderia estar próximo.

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