Relatório conjunto do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e da força da ONU presente na República Democrática do Congo, publicado a última segunda-feira, denunciou o uso “desproporcional” de força por parte das autoridades locais contra manifestações recentes que tiveram o apoio da Igreja.

A República Democrática do Congo vive um clima de tensão e manifestações devido à permanência no poder do presidente Joseph Kabila, cujo mandato deveria ter terminado no final do ano passado.

Tais manifestações, que têm reunidos milhares de pessoas nas principais cidades do país, contam com o apoio e participação da Igreja Católica.

No documento publicado em 19 de março, a ONU assinala o “uso ilegal, injustificado e desproporcional” da força por parte dos agentes da polícia e das forças armadas nos protestos contra Kabila.

Conforme indica a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), em resultado da violência repressiva das autoridades, já se contabilizaram, só nas últimas manifestações, 47 mortos e largas dezenas de feridos.

Por sua vez, o relatório da ONU revela ainda que as autoridades têm procurado “encobrir” a suas ações, existindo “indícios de que serviços de segurança congoleses” teriam procurado dissimular a sua própria atuação, “ao remover os corpos das vítimas e obstruindo o trabalho de observadores nacionais e internacionais”.

Na República Democrática do Congo, onde o mandato de Kabila deveria ter terminado em 20 de dezembro de 2017, ainda não foram convocadas novas eleições. Além disso, de acordo com a Constituição de 2006 desse país, o atual presidente, que está no poder desde 2001, não pode voltar a se candidatar.

Frente a esta situação, a Igreja tem defendido a realização de “eleições livres” no país, para que a população possa decidir democraticamente.

Além da crise política, a República Democrática do Congo atravessa também uma profunda crise humanitária, com um número crescente de deslocados e de refugiados que procuram abrigo em países da região, especialmente em Angola.

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