A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) divulgou uma mensagem ao Povo de Deus e às pessoas de boa vontade, na qual exorta a solidariedade durante a Semana Santa e recordou ao governo que “todo poder é efêmero”.

No texto publicado na segunda-feira, 19 de março, dia em que a Igreja celebra São José, os bispos afirmam: “Queremos recordar a todos os líderes políticos, sociais e econômicos que qualquer coisa que façam a cada irmão para piorar a sua situação de vida, como o menosprezo, a imposição de cargas pesadas, o empobrecimento, o esquecimento do seu protagonismo, o roubo do que lhes pertence, estão fazendo ao próprio Jesus”.

“Não devemos esquecer que, no final, seremos julgados pelo amor com o qual vivemos e trabalhamos. Alguns dirão que a sua fé não se fundamenta em Jesus, mas no poder que mostram, mas lhes recordamos que todo poder é efêmero: assim como o obtiveram, poderão perdê-lo em qualquer momento, e o pior é que ficarão expostos a serem julgados pelas suas próprias ações e palavras”.

No texto, os bispos exortam: “Escutem o grito das pessoas! Estão pedindo para serem ouvidas. Não são suficientes as promessas ou as pequenas dádivas dirigidas a escravizar e tornar as pessoas improdutivas”.

“Não há tempo a perder e é o momento de uma verdadeira mudança para ser uma nação próspera e onde se viva na democracia, e todos encontremos uma terra própria para construir os sonhos de liberdade, fraternidade e inclusão social”.

Em sua mensagem, a CEV afirma que “este ano, sobretudo devido às circunstâncias que nos cercam, devido à crise generalizada que afeta especialmente as pessoas mais pobres, este tempo pascal deve ser preparado e vivido com espírito de fraternidade, solidariedade, caridade e com muita consciência do que queremos fazer com o futuro do nosso país”.

Nos últimos tempos, continua o texto, “a Venezuela se tornou uma espécie de ‘terra estranha’ para todos. Com imensas riquezas e potencialidades, a nação piorou, devido à pretensão de implantar um sistema totalitário, injusto, ineficiente e manipulador, onde o jogo de permanecer no poder à custa do sofrimento das pessoas é a ordem”.

“O governo e os seus seguidores têm uma grande responsabilidade, ao querer impor um regime que influencia o ser humano e, assim, mantêm os seus interesses políticos e econômicos; o plano da pátria tem sido desastroso para a vida dos venezuelanos, os tão mencionados motores da revolução só permaneceram no papel”.

Os venezuelanos, continuam os bispos, “não merecemos isto, muito menos aqueles que foram submersos na pobreza e hoje passaram a aumentar o número de pessoas na miséria”.

Em meio à miséria em que vivem atualmente, ressaltam os Prelados venezuelanos, “a dos pobres é a causa de Jesus e, consequentemente, da Igreja. Os bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos das nossas comunidades eclesiais e grupos apostólicos, ao anunciar o Evangelho e construir o Reino de Deus, expressamos não só o nosso compromisso solidário, mas garantimos com a nossa entrega, o acompanhamento aos pobres, aos que sofrem e aos que se sentem excluídos”.

Os Bispos incentivam a buscar os sacramentos durante a Semana Santa e sugerem alguns atos concretos: que no domingo de Páscoa organizem refeições comunitárias para ajudar os mais necessitados, realizem gestos concretos com os doentes, os idosos, os presos e os pobres.

Além disso, os Prelados exortam a realizar gestos de misericórdia de maneira especial de 19 a 22 de abril, durante a Páscoa; e rezem pelas pessoas que foram assassinadas por terem pedido o regresso à democracia no país, especialmente os jovens.

Os Bispos imploram “a graça do Espírito Santo: que a sua luz e a sabedoria nos acompanhem para contribuir a uma saída justa, pacífica e humana à crise que atinge a todos na Venezuela”.

Ao concluir, os Prelados recordam que “Deus Pai nos deu o belo presente de seu Filho, que com a sua morte e ressurreição nos deu a vida nova que temos que viver com determinação no amor, na justiça e na Paz. Para isso, contamos com a proteção materna de Maria, Nossa Senhora de Coromoto, Mãe de todos os venezuelanos”.

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