Um novo projeto de lei proposto na Austrália poderia exigir que os sacerdotes e religiosos no país se registrem como agentes do Vaticano.

De acordo com o jornal britânico ‘The Telegraph’, a lei proposta faria com que os membros da hierarquia católica no país precisassem “registrar-se como espiões do Vaticano”.

O Projeto de Lei de Transparência de Influência Estrangeira, apresentado em 7 de dezembro de 2017, busca combater a interferência de outros países, especialmente da China, na educação e na política da Austrália.

Embora o projeto de lei inclua uma isenção para grupos religiosos no país, considera a Igreja Católica como uma organização afiliada ao Vaticano, o que poderia ser interpretado como se os sacerdotes e religiosos fossem agentes estrangeiros.

Em uma mensagem enviada aos parlamentares que avaliam o projeto de lei, a Conferência Episcopal Australiana assinalou que “a isenção para a religião proposta na cláusula 27 está redigida sobre a crença incorreta de que a Igreja Católica na Austrália atua em representação de um governo estrangeiro, por exemplo, o Estado da Cidade do Vaticano”.

“Dado que a Igreja Católica na Austrália não atua em representação de um governo estrangeiro, a cláusula não conferiria isenção aos membros da Igreja Católica na Austrália”, advertiram os bispos.

Para o bispo de Toowoomba, Dom Robert McGuckin, este projeto de lei também poderia silenciar a voz da Igreja Católica em temas importantes para o país, como a oposição ao projeto de lei da eutanásia, aprovado em 2017 no estado de Victoria.

Em declarações ao jornal ‘The Australian’, Dom McGuckin criticou que, se for aprovada, esta lei obrigaria “todo católico que convide um político para um evento” ou “escreve por apoio de um parlamentar” a preencher uma papelada.

O Prelado também respondeu a uma pergunta do parlamento australiano, explicando que “nós, católicos, somos seguidores de Jesus Cristo, não somos agentes de um governo estrangeiro”.

“A Igreja Católica na Austrália é formada por milhões de cidadãos australianos que praticam a sua fé e não estão em dívida com um governo estrangeiro”, afirmou.

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