Milhares de peregrinos de Argentina, Peru, Bolívia e outras regiões distantes cruzarão cordilheira, deserto e mar para se encontrar com o Papa Francisco entre os dias 16 e 18 de janeiro, durante sua visita apostólica ao Chile.

Do Oceano Pacífico, a 3800 quilômetros do Chile, cerca de 80 fiéis da Ilha de Páscoa viajarão durante cinco horas de avião para Santiago, a fim de participar no dia 16 de janeiro da “Missa pela Paz e a Justiça”, presidida pelo Papa Francisco.

Para a ocasião, a cultura rapa nui levará como presente um moai, escultura que representa os ancestrais do povo e que tem o nome “Haumaru o te A’o”, que significa “Paz do Mundo”.

A estrutura, que mede 1,60 metros e pesa 350 quilos, foi esculpida em pedra basalto e hani-hani por Pau Hereveri, e foi abençoada no único templo católico do local: a Paróquia Santa Cruz.

Em conversa com o Grupo ACI, o pároco, Pe. Bernardo Astudillo, disse que o moai é um “presente do Papa, por isso ele terá que determinar se o leva ao Vaticano ou não. Mas, fizemos todas as gestões para que, se quiser leva-lo, possa fazê-lo”.

O sacerdote explicou que a cultura rapa nui é, em sua maioria, católica e a “figura do Papa Francisco representa o homem dos encontros dos mundos. Sua mensagem ajudou muito ao tema da migração e o catolicismo colabora com isso, porque somos todos filhos de Deus, além disso reforça os valores do diálogo, do respeito, da diferença”.

No dia 18 de janeiro, na Missa de ‘Nossa Senhora do Carmo, Rainha e Mãe do Chile’, que acontecerá em Iquique, também viajarão cerca de 820 fiéis, 120 voluntários, 12 seminaristas e 33 sacerdotes da Diocese de Tacna e Moquegua, no sul do Peru.

Esses peregrinos escolheram viajar a Iquique, pois são apenas sete horas de translado por terra, cerca de 370 quilômetros. Os peregrinos que forem para Lima, cidade que o Santo Padre visitará em 21 de janeiro, terão que percorrer aproximadamente 1200 quilômetros.

Em diálogo com o Grupo ACI, o coordenador da delegação peruana, Pe. Edgar Márquez, manifestou que “Tacna é uma cidade comercial e turística e por isso a convivência é cotidiana. Há tempo que nos esquecemos das fronteiras, conhecemos boas pessoas no Chile e compartilhamos as mesmas devoções como a do Senhor dos Milagres, a Virgem de La Macarena, entre outros”.

“Além disso, o Chile recebeu muitos compatriotas e um dos temas que o Papa tratará é esse da migração, a exploração”, acrescentou o também reitor da Catedral de Tacna.

“Estamos muito entusiasmados com o encontro. Cada vez se sente mais a presença do Papa entre nós, estamos muito ansiosos, é um Papa muito próximo das pessoas, é latino-americano e fala de coração”, manifestou.

Também chegarão a Iquique cerca de 250 peregrinos, 2 sacerdotes e 2 diáconos provenientes da Prelazia de Humahuaca, em Jujuy, Argentina, distante aproximadamente mil quilômetros.

Os fiéis realizarão um trajeto de 22 horas depois de cruzar a Cordilheira dos Andes por terra e descansar em Copiapó, ao norte do Chile.

Humahuaca é uma zona rural, cujo principal sustento é a agricultura e a pecuária, e é habitada por aborígenes e descendentes dos coyas. Dadas as distâncias, a evangelização é difícil, mas o encontro com o Santo Padre é o que mais motivou as comunidades.

“Nesses lugares, o contato com a figura e o magistério do Papa é muito escasso. Mas, sabemos que para uma pessoa de fé, um encontro em massa com outros irmãos católicos é animador, é uma experiência muito viva e forte que consolida a fé. Isso somado à figura do Papa é de grande importância”, explicou ao Grupo ACI o Pe. Joaquín Ocampo.

Do extremo sul do Chile, onde há ventos de mais de 100 quilômetros por hora, mais de 200 peregrinos cruzarão de avião cerca de 2100 quilômetros para ver o Papa Francisco.

A Diocese de Punta Arenas detalhou ao Grupo ACI que viajarão 150 peregrinos, oito sacerdotes, quatro diáconos permanentes e o Bispo diocesano, Dom Bernardo Bastres.

Também participarão cerca de 40 jovens no encontro com o Papa Francisco, no Santuário Nacional de Maipú, em Santiago; e aproximadamente 12 idosos na Missa pelo Progresso dos Povos, em Temuco, no dia 17 de janeiro.

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