Na sua primeira visita de Estado a Itália, o Papa Bento XVI reafirmou a legitimidade de “um laicismo de Estado saudável” que não exclui as referências éticas, que por sua vez, têm seu fundamento último na religião.

Ao responder a saudação do Presidente italiano, Carlo Azeglio Ciampi, o Santo Padre afirmou no palácio do Quirinal que “é legítima um laicismo de Estado saudável em virtude da qual as realidades temporais se regem segundo suas próprias normas, sem excluir entretanto as referências éticas que acham seu último fundamento na religião. A autonomia da esfera temporal não exclui uma íntima harmonia com as exigências superiores e complexas que derivam de uma visão integral do ser humano e de seu destino eterno".

Ao referir-se às relações entre a Igreja e o Estado italiano, o Pontífice recordou que  "apóiam-se no princípio fundamental enunciado pelo Concílio Vaticano II de que ‘a comunidade política e a Igreja são entre si independentes e autônomas em seu próprio campo. Entretanto, ambas, embora por diverso título, estão ao serviço da vocação pessoal e social das mesmas pessoas’”.

O discurso do Papa se levou a cabo depois de que este se entrevistasse em privado com  Ciampi na residência dos presidentes da República Italiana. No ato estiveram presentes os anteriores presidentes Francesco Cossiga e Oscar Luigi Scalfaro, os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado e o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi. Entre os representantes da Santa Sé se encontrava o secretário de estado, Cardeal Angelo Sodano.

Esta visita, corresponde àquela que o presidente Ciampi realizou ao Vaticano no passado 3 de maio, é a oitava de um Papa ao Quirinal desde que em 1929 se assinaram os Pactos Lateranenses. A primeira foi a de Pio XII em 1939. O Papa João Paulo II visitou o palácio em 1984, 1986 e 1998. Tinha uma quarta visita prevista para 29 de abril passado.