Durante os anos que estava no seminário, Pe. Kevin, da Nigéria, presenciou o massacre dos seus vizinhos nas mãos dos terroristas do Boko Haram, isso o levou a ter dúvidas e temores a respeito da sua vocação. Entretanto, graças à colaboração da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), ele seguiu adiante e agora assegura que deseja ser “luz de Cristo e bálsamo para os outros”.

A Nigéria é o país com mais índice de terrorismo na África e o terceiro no mundo. Nos últimos dois anos, 5 mil homens morreram devido os atentados do grupo terrorista islâmico Boko Haram e, atualmente, entre os 19 estados do país, 12 estão sob a ‘sharia’, ou seja, a lei islâmica pela qual os cristãos são perseguidos.

Pe. Kevin era seminarista na diocese de Kaduna (Nigéria) em 2011. Quando voltava para casa depois de alguns dias de exercícios espirituais, presenciou o massacre dos seus vizinhos nas mãos de Boko Haram.

“Havia terminado os meus exercícios espirituais, estava feliz e estava voltando para casa para compartilhar com meus pais, familiares e amigos a minha experiência no seminário, quando de repente vivi essa experiência trágica. Mas Deus nos ajudou”, recordou.

“Eu e as minhas irmãs atravessávamos uma zona de conflito onde havia povos enfrentados. Havia muito derramamento de sangue e estávamos no meio desse conflito. Eu me perguntava como íamos sair dessa situação, quando havia terroristas massacrando as pessoas com um facão”, declarou.

Naquele ano, 800 pessoas foram assassinadas e outras 65 mil obrigadas a deixar suas casas na região ocidental da Nigéria.

Além de ter medo de perder a sua vida, presenciar esse massacre afetou profundamente Kevin, que caiu em uma profunda crise de fé e começou a duvidar da sua vocação. E decidiu falar com o seu diretor espiritual.

“Ele me disse que nenhuma dificuldade deveria se tornar um obstáculo para mim, se eu sentia que Deus tinha me chamado para esta missão. Que o meu chamado ao sacerdócio estava ligado à perseguição e a aliviar a dor dos outros”, recordou.

Confiando nos planos de Deus para sua vida, Kevin continuou a sua formação.

O seminário de Kaduna, na Nigéria, é um dos que recebe o apoio econômico da Ajuda à Igreja que Sofre, que nos últimos cinco anos destinou 258.960 euros para a formação de seminaristas, religiosos e leigos nas regiões mais atingidas pelo terrorismo do Boko Haram.

Segundo explica a Fundação ACN, “na perseguição, muitos seminaristas como Kevin, em vez de abandonar a sua vocação, se entregaram mais fielmente à sua formação sacerdotal e estão mais conscientes do que nunca do verdadeiro significado da sua vocação”.

Agora, Pe. Kevin assegura que deseja ser “luz de Cristo e bálsamo para os outros”. Porque “quem sentiu o amor de Deus além das adversidades aprende a ter um olhar diferente transpassado pela graça da fé”, disse à ACN.

Em toda a África, há aproximadamente 43 mil seminaristas, a Nigéria é o país com mais vocações ao sacerdócio, onde atualmente há cerca de 5 mil.

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