O Arcebispo de Granada, Dom Javier Martínez (Espanha), mencionou o caso do independentismo promovido pela Generalitat da Catalunha a fim de assinalar que o Papa Francisco “expressou com muita claridade (...) que a Igreja não admite como bem uma divisão”.

O Prelado disse estas palavras durante a Missa celebrada no dia 11 de outubro em homenagem à Virgem do Pilar, Padroeira da Espanha e da Guarda Civil de Granada, onde se uniu ao apelo de outros bispos para manter a unidade do país.

“O Santo Padre expressou com muita claridade a posição da Igreja no problema que todos nós temos em mente, dizendo que a Igreja não aceita como bem uma separação e que a autodeterminação somente está justificada nos casos de uma ocupação colonialista, algo que não acontece no nosso país”, afirmou.

“E, portanto – acrescentou -, os bens que estão em perigo, os bens da unidade de um povo construídos durante muitos séculos de convivência, não podem ser colocados em perigo. Estão em perigo”.

Nesse sentido, Dom Martínez exortou aos fiéis a “pedir pela unidade da Espanha, pela unidade das instituições, pela fortaleza e pela sabedoria dos governantes, para que o Senhor nos conceda o dom da paz”.

O Prelado indicou que a situação gerada pelo presidente da Generalitat da Catalunha, Carles Puigdemont, “deixa a todos muito preocupados”. É um “momento extraordinariamente difícil na história do nosso país”, expressou.

O Arcebispo de Granada disse que “há algo no coração do homem que torna quase impossível evitar que surjam conflitos nas famílias, nos povos, entre os vizinhos, nos bairros, nas cidades, inclusive entre os países. Talvez, todos nós contribuímos a essa cumplicidade da nossa sociedade, ao fazer da meta única de vida, esquecendo-nos de Deus, o desenvolvimento econômico, o bem-estar econômico”.

“Essa busca ansiosa de bem-estar provoca dor”, advertiu. “E um pensador disse há vários séculos que gera uma situação de guerra de todos contra todos. Esta é uma situação verdadeiramente difícil de sustentar; difícil sustentar a convivência quando não há nada moral, nada religioso que nos vincule”.

Dom Martínez disse que “é verdade que na nossa situação há pessoas, há sacerdotes, inclusive pode haver bispos, que participam de certa mentalidade, e isso só evidencia o quão fraca se tornou a nossa fé na nossa consciência”.

“Pesa mais a pertença a uma nação ou a um grupo do que o fato de que todos somos filhos de Deus e estamos obrigados como filhos de Deus a buscar formas de entendimento, somos obrigados a não mentir em relação à nossa história, somos obrigados a buscar o bem comum daquelas unidades que na história foram construídas pacientemente, às vezes com muita dor, às vezes a preço de sangue, com uma entrega sem limites daqueles que nos precederam”.

“Essas uniões sempre constituem um bem moral que é muito fácil de destruir, mas é preciso uma fortaleza moral muito grande para manter”, assinalou.

Nesse sentido, convidou a pedir ao Senhor “fortaleza na fé, firmeza na esperança e constância no amor”, que conceda “a nossa querida Espanha o dom inefável da paz”.

O Arcebispo assinalou que a unidade da Espanha é “um bem moral muito grande” que deve ser defendido.

“Quando alguns povos convivem juntos durante séculos, há obrigações muito sérias de uns com os outros. E qualquer ruptura causa uma dor. Mas não só causa dor. É um mal. A busca pela separação é diabólica. O nome do diabo significa ‘aquele que separa’ e a missão do diabo é separar”, advertiu.

“Que nós saibamos manter essa união (...) Todo o contrário seria um caminho terrível de violência, e não só no contexto do nosso país, em um contexto muito mais amplo da Europa e com o que a Europa significa para o mundo”, afirmou.

O Arcebispo reiterou que a unidade da Espanha “é um bem moral” que deve ser sustentado por todos os povos que formam o país. “Não estamos falando de um bem político, embora alguns quisessem apresentá-lo como um bem político. É um bem moral. E é um bem de fé”.

“Nós, cristãos, fazemos parte do mesmo corpo. Não comungam um Cristo diferente em Barcelona, ??em Sevilha ou em Granada. O Cristo que todos nós comungamos é o mesmo, que nos torna todos filhos de Deus e devemos aprender novamente a viver como filhos de Deus e a defender os bens morais que precisamos defender”, concluiu.

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