O Cardeal Raymond Leo Burke, reposto pelo Papa Francisco na “Suprema Corte” do Vaticano em 30 de setembro, afirmou que a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (Lefebvristas) “está em cisma” com a Igreja Católica.

O Purpurado, um dos quatro signatários das ‘dubbia’ sobre a exortação apostólica Amoris Laetitia, na qual pedem ao Papa que esclareça alguns pontos sobre a comunhão aos divorciados em nova união, fez esta afirmação em julho deste ano, mas o áudio das mesmas foi recentemente divulgado por um blog católico.

O Cardeal participou do dia 12 a 15 de julho do evento Sacred Liturgy Conference (Conferência sobre a Sagrada Liturgia), realizada em Medford, estado de Oregon, nos Estados Unidos.

Perguntado se é lícito participar e receber a comunhão em uma Missa celebrada pelos sacerdotes lefebvristas, o Cardeal respondeu que, “apesar dos diferentes argumentos relativos a este tema, o fato em questão é que a Sociedade Sacerdotal São Pio X está em cisma desde que o falecido Arcebispo Marcel Lefebvre ordenou quatro bispos sem a autorização do Romano Pontífice”.

“E por isso não é legítimo participar da Missa ou receber os sacramentos em uma igreja que está sob a liderança da Sociedade Sacerdotal de São Pio X”, precisou o Purpurado.

Em seguida, o Cardeal Burke afirmou que, em sua opinião, as dúvidas de alguns fiéis são porque “o Santo Padre concedeu aos sacerdotes da Sociedade Sacerdotal de São Pio X as faculdades para celebrar matrimônios válidos, lícita e validamente; embora não exista nenhuma explicação canônica para isso, é simplesmente uma anomalia”.

Assim, o Purpurado norte-americano se referiu à autorização concedida pelo Papa Francisco para que, em determinadas situações, um sacerdote lefebvrista assista o sacramento do matrimônio.

Em seguida, comentou a decisão de Bento XVI de eliminar a excomunhão dos quatro bispos ordenados por Lefebvre sem mandato pontifício e afirmou que, embora “já não permaneçam excomungados, também não estão em total comunhão com a Igreja Católica”.

A Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) foi fundada pelo Arcebispo Marcel Lefebvre  - por isso os seus membros e vinculados são conhecidos como ‘lefebvristas’ – em 1970, em resposta ao que descreve como erros na Igreja depois do Concílio Vaticano II.

Suas relações com a Santa Sé ficaram mais tensas em 1988 quando Lefebvre consagrou quatro bispos sem permissão de São João Paulo II. A consagração ilícita deu lugar à excomunhão dos cinco.

Em 2009, Bento XVI levantou a excomunhão que pesava sobre estes 4 prelados e depois disto as negociações entre os lefebvristas e o Vaticano continuaram para “reencontrar a plena comunhão com a Igreja”.

Em 1º de abril de 2016, a Santa Sé e a FSSPX informaram que houve um encontro informal entre o Papa Francisco e o superior geral dos lefebvristas, o bispo Bernard Fellay, no Vaticano.

Desde então, prosseguem os diálogos em vistas à inserção da FSSPX na plena comunhão da Igreja Católica.

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