O Secretário Geral da Conferência Episcopal Boliviana e Bispo de El Alto, Dom Jesus Juárez, expressou a necessidade de convocar a eleições antecipadas e elaborar uma nova Constituição “em cuja redação participem setores historicamente marginados e esquecidos”.

O Prelado, de visita em Múrcia, sua cidade natal,  assinalou que se deve convocar a “uma Assembléia Constituinte que permita a re-fundação da Bolívia”. Acrescentou que a nova Carta Magna “possibilitaria uma maior participação de todos os setores sociais na eleição de prefeitos e no processo de autonomias”.

O Prelado assinalou que o tema das autonomias, que foi demandado por regiões ricas como Santa Cruz da Serra, requer “uma longa reflexão” antes de pô-las em prática. Para isso pediu pôr ênfase em uma “necessária solidariedade inter-territorial entre as regiões ricas e pobres do país”.

Dom Juárez se referiu também ao tema da nacionalização dos hidrocarbonetos que propiciou grandes protestas em El Alto e outras zonas do país e que terminaram em um bloqueio da capital, La Paz.

“Quando falamos de sua nacionalização nos referimos à recuperação de sua propriedade em boca de poço, pois segundo a Constituição, esta pertence ao povo boliviano”, indicou. Por isso chamou as empresas multinacionais que operam na Bolívia “a compartilhar com este povo a riqueza existente, sem enriquecer-se a costa sua”.

Dom Juárez, que recebeu do presidente de Murcia, Ramón Luis Valcárcel, a medalha de ouro da Região 2005, assinalou que a agenda política se está cumprindo na Bolívia, mas não a social. Recordou que foram as demandas sociais não atendidas as que desencadearam as grandes protestas que obrigaram a renunciar ao Presidente Carlos Mesa e a seu antecessor Gonzalo Sánchez de Lozada.

Do mesmo modo, pediu ao novo Presidente, Eduardo Rodríguez, “convocar a eleições quanto antes para que o povo boliviano recupere a confiança”. Acrescentou que este novo processo eleitoral deve apontar também à renovação de senadores e deputados, a quem criticou por tomar umas “pequenas férias” quando a situação do país não o permite.