Por ocasião do centenário da morte de Santa Francisca Xavier Cabrini, Padroeira dos Migrantes, o Papa Francisco se referiu a esta santa italiana em uma carta dirigida às Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, como exemplo a seguir no cuidado dos que abandonam os seus lares e seus países em busca de segurança, dignidade e oportunidades de vida.

Santa Francisca Cabrini, fundadora das Missionárias, nasceu em 1850 e, em 1889, mudou-se para os Estados Unidos para dedicar-se ao serviço dos migrantes italianos.

O Santo Padre destacou “a grandeza da figura” de Santa Francisca Xavier Cabrini e “a atualidade do seu carisma e da sua mensagem, não só para a comunidade eclesial, mas para toda a sociedade”.

“O carisma de Santa Francisca Xavier Cabrini incentiva a uma dedicação total e inteligente aos emigrantes”, assim como ela fazia com aqueles que saiam da Itália para ir ao Novo Mundo, indicou Francisco.

“Esta decisão foi o fruto da sua obediência sincera e amorosa ao Santo Padre, o Papa Leão XIII, sem excluir a atenção a outros campos da ação missionária”.

O trabalho da Madre Cabrini indica o caminho para a atenção aos migrantes no mundo de hoje: “Os atuais desafios populacionais, com as tensões inevitavelmente provocadas, convertem a Madre Cabrini em uma figura especialmente atual”.

“De modo especial, a Santa une a atenção diante de situações de maior pobreza e fragilidade, com os órfãos e as minorias, em uma lúcida sensibilidade cultural que, em contínuo diálogo com a hierarquia local, se esforça por preservar e reanimar a tradição cristã dos que receberam em seus países de origem, uma religiosidade muitas vezes superficial, mas impregnada de uma autêntica mística popular, oferecendo, por outro lado, o caminho para uma integração plena na cultura dos países de chegada, assim como os migrantes italianos foram ajudados pelas religiosas missionárias a serem totalmente italianos e totalmente americanos”.

O Papa observou como “Santa Francisca Xavier Cabrini acolheu de Deus uma vocação missionária que, naquele tempo, era singular: formar e enviar para todo o mundo mulheres consagradas com um horizonte missionário sem limites”.

“Não simplesmente como auxiliadoras de institutos religiosos masculinos, mas com um carisma próprio de consagração feminina, com total disponibilidade a fim de colaborar tanto nas igrejas locais como nas diferentes congregações que se dedicavam à proclamação do Evangelho ao povo”.

“Essa consagração puramente missionária e feminina nasceu da Madre Cabrini como consequência de uma união total e amorosa com o Coração de Cristo, cuja misericórdia supera todos os limites”.

“Essa misericórdia vive e é transmitida a suas irmãs com um impulso de reparação do mal no mundo, provocado pelo afastamento de Cristo, que sustenta o missionário nos trabalhos que superam as forças humanas”.

O Pontífice recordou “o número surpreendente e a importância das suas obras realizadas durante a sua vida na Itália, França, Espanha, Grã-Bretanha, Estados Unidos, América Central, Argentina e Brasil”.

Além disso, identificou o seu trabalho missionário como um antecedente da Igreja em saída às periferias, tão presente no Pontificado atual: “O amor pelo Coração de Cristo, que se vê em um anseio evangelizador, brilha na atenção de Francisca Xavier Cabrini através do que atualmente consideramos a periferia da história”.

Como exemplo disso, indicou que “um ano depois do cruel linchamento dos italianos acusados ??de ter assassinado o chefe da polícia de Nova Orleans, em Louisiana, Madre Cabrini abriu uma casa no bairro italiano com má reputação”.

“A vitalidade humana e cristã dos migrantes se converte deste modo em um presente para a Igreja e para os povos que acolhem. As grandes migrações atuais necessitam de um acompanhamento repleto de amor e inteligência, como o que caracteriza o carisma cabriniano, em vista de um encontro de povos que enriqueça todos e produza união e diálogo e não separação e hostilidade”.

Ao seguir o exemplo de Santa Francisca Cabrini, não devemos esquecer que a sua missão “preserva uma sensibilidade missionária não local, mas universal, que é a vocação de todo cristão e de toda comunidade de discípulos de Jesus”.

O Papa Francisco concluiu sua carta convidando a ser conscientes, durante as celebrações do centenário, do trabalho da Madre Cabrini e de como se pode aplicar essa herança espiritual nos desafios que o mundo hoje apresenta.

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