O Papa Francisco, em sua catequese da Audiência Geral desta quarta-feira no Vaticano, assinalou que para se tornar um pregador de Jesus é mais efetivo transmitir com o olhar a alegria da fé do que dominar “as armas da retórica”.

“Torna-se pregadores de Jesus não aperfeiçoando as armas da retórica: você pode falar, falar, falar, mas se não tem algo mais… Como se torna pregador de Jesus? Protegendo nos olhos o brilho da verdadeira felicidade. Vemos tantos cristãos, também entre nós, que com os olhos transmitem a alegria da fé: com os olhos!”, afirmou.

O Santo Padre explicou que para descobrir sua vocação, o cristão deve pensar em seu primeiro encontro com Jesus, pois toda vocação, seja ao matrimônio, à vida consagrada ou ao sacerdócio, “começa com um encontro com Jesus que nos dá uma alegria e uma esperança nova”.

Essa primeira alegria “nos conduz, mesmo através de provações e dificuldades, a um encontro sempre mais pleno, cresce, aquele encontro, o encontro com Ele e leva à plenitude da alegria”.

O Santo Padre citou como exemplo a experiência de João e André, os primeiros discípulos de Jesus, que recordaram durante toda a sua vida a imensa alegria que provocou neles o encontro com o Senhor às margens do Jordão, enquanto escutavam a pregação de João Batista.

A memória daquele primeiro encontro permaneceu tão viva em sua memória que o evangelista João, que quando escreveu o Evangelho era um homem idoso, recordava até mesmo a hora do momento em que conheceu Jesus: “Eram cerca de quatro da tarde”.

“O evangelista João narra o episódio como uma nítida recordação de juventude, que ficou intacta na sua memória de ancião”.

Francisco destacou como aquele primeiro encontro, às margens do Jordão, onde João Batista batizava, gerou uma “faísca” no coração de João e André, os quais deixaram o Batista e começaram a seguir Jesus: “Ele se vira para eles e coloca a pergunta decisiva: ‘O que procurais?’”.

Desse modo, com esta simples pergunta, Jesus aparece “aparece nos Evangelhos como um especialista do coração humano. Naquele momento havia encontrado dois jovens em busca, saudavelmente inquietos. De fato, que juventude é uma juventude satisfeita, sem uma busca de sentido? Os jovens que não buscam nada não são jovens, estão aposentados, envelheceram antes do tempo. É triste ver jovens aposentados”.

“E Jesus, através de todo o Evangelho, em todos os encontros que lhe acontecem ao longo do caminho, aparece como um ‘incendiário’ dos corações. Daqui aquela sua pergunta que procura fazer emergir o desejo de vida e de felicidade que cada jovem traz dentro de si: ‘o que procurais?’”.

O encontro de João e André com Jesus foi tão intenso que rapidamente se tornam missionários. “Quando termina o encontro não voltam para casa tranquilos: tanto é verdade que seus respetivos irmãos – Simão e Tiago – logo são envolvidos no seguimento”.

“Foram até eles e disseram: ‘Encontramos o Messias, encontramos um grande profeta’: dão a notícia. São missionários daquele encontro. Foi um encontro tão tocante, tão feliz que os discípulos recordarão para sempre aquele dia que iluminou e orientou sua juventude”.

Francisco incentivou a meditar sobre o trecho do Evangelho que narra a vocação desses primeiros discípulos de Jesus. Sublinhou o principal ensinamento que se desprende dele: “O Senhor não quer homens e mulheres que caminham atrás Dele com má vontade, sem ter no coração o vento da alegria. Jesus quer pessoas que experimentaram que estar com Ele dá uma felicidade imensa, que se pode renovar todos os dias na vida”.

“Um discípulo do Reino de Deus que não seja alegre não evangeliza este mundo, é um triste”. Por isso, advertiu contra os desiludidas e infelizes: “Não demos ouvido às pessoas desiludidas e infelizes”.

“Não escutemos quem recomenda cinicamente para não cultivar esperança na vida; não confiemos em quem apaga logo que surge todo entusiasmo dizendo que nenhuma empresa vale o sacrifício de toda uma vida; não escutemos os ‘velhos’ de coração que sufocam a euforia juvenil”.

Pelo contrário, “busquemos os velhos que têm os olhos brilhantes de esperança! Cultivemos, em vez disso, sãs utopias: Deus nos quer capazes de sonhar como Ele e com Ele, enquanto caminhamos bem atentos à realidade. Sonhar um mundo diferente. E se um sonho se apaga, tornar a sonhá-lo, indo com esperança à memória das origens”.

O Papa Francisco concluiu sua catequese indicando a dinâmica fundamental da vida cristã: “recordar-se de Jesus, do fogo do amor com que um dia concebemos a nossa vida como um projeto de bem e reavivar com esta chama a nossa esperança”.

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