O Vigário de Roma e Presidente da Conferência Episcopal Italiana, Cardeal Camillo Ruini, sugeriu que o fracasso do referendum que pretendia despojar ao embrião humano de seus direitos como pessoa, pode ler-se como uma resposta do “catolicismo popular italiano”.

"O catolicismo popular italiano deu uma ótima resposta. Além disso muitos leigos do mundo cultural, social e político compartilharam plenamente a linha de defesa do valor do homem como tal", explicou o Cardeal em declarações a Rádio Vaticana.

O Cardeal Ruini assegurou que o comitê "Ciência e Vida", que promoveu a abstenção no referendum, continuará seu trabalho e o definiu como "o mais significativo e importante projeto cultural da Igreja Católica".

Do mesmo modo, esclareceu que ele não se sente "um ganhador" do referendum, pois só cumpriu seu dever ao convidar à abstenção aos italianos, como melhor método para que não ganhasse o 'sim'. Não lutei para ganhar e não ganhei. tentei só fazer meu dever de bispo e escutar minha consciência de homem, cristão e cidadão", explicou.

Segundo o Cardeal, a escassa participação no referendum se deveu "à maturidade do povo italiano, que se opôs a pronunciar-se sobre temas técnicos e complexos, que ama a vida e que desconfia em uma ciência que pretende manipulá-la".

Também precisou que a Igreja não se misturou na laicidade do Estado com a petição da abstenção. "Se por laicidade se entende que a Igreja não pode ter uma expressão pública, então não falamos de laicidade mas sim de laicismo, que danifica não só à Igreja mas também ao Estado", indicou.

Neste sentido, adicionou que a laicidade "é a liberdade de cada um e a distinção das tarefas, isso nunca foi tocado. A Igreja, em matérias de grande importância moral e humana, tinha o dever de expressar sua voz claramente. Uma voz que foi escutada e compartilhada por muitos cidadãos, em apóio à sua consciência pessoal".

A participação no referendum foi de 25,9 por cento, cifra muito inferior ao quorum de 50 por cento mais um dos votos. Desta maneira, a lei sobre reprodução assistida que mais protege a vida na Europa, mantém-se invariável.