Recentemente veio à luz a reflexão sobre o destino das pessoas que atentaram contra a sua própria vida, depois da estreia da série na Netflix “13 Reasons Why” e da popularização do jogo de suicídio conhecido como “Balela Azul”.

Mas, o que a Igreja Católica diz a respeito deste tema? Qual é o destino das pessoas que se suicidam segundo o Magistério?

O Catecismo da Igreja Católica assinala que o suicídio é um ato grave e, no numeral 2283, indica claramente que “não se deve desesperar da salvação eterna das pessoas que se suicidaram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, oferecer-lhes a ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida”.

Pe. Guillermo Leguía, professor de teologia moral da Faculdade de Teologia Pontifícia e Civil de Lima (Peru), explica que não é correto dizer que se uma pessoa se suicida vai para o inferno.

Em declarações ao Grupo ACI, o sacerdote peruano indica que “é correto dizer que cometer o suicídio é um ato que está errado, mas ninguém pode fazer um julgamento sobre os elementos que ocorrem no coração da pessoa que fazem com que esse ato errado lhe seja plenamente imputável”.

“Ninguém pode conhecer ou saber se o suicídio faz com que a pessoa a vá para o inferno. Além disso, a Igreja não ensina isso”, precisa.

Para Dom Fernando Chomali, Arcebispo de Concepción (Chile), especialista em bioética e membro da Pontifícia Academia para a Vida, no caso de um suicídio, é necessário considerar os aspectos psicológicos e psiquiátricos, assim como o fato de que para todas as pessoas “a misericórdia de Deus é muito grande”.

“Acredito que há pessoas que chegam a um alto nível de desespero pela doença; e pode ser que a eutanásia ou o homicídio acabem sendo uma ‘resposta’ à grande solidão que a pessoa sente”, comentou ao Grupo ACI.

Pe. Leguía disse também sobre este caso que “é importante distinguir entre o ato que a Igreja ensina que é errado (suicídio) e o pecador que a Igreja sempre ama com um coração infinito e com uma misericórdia infinita. E bom, saber que às vezes há um conjunto de atos que mesmo que estejam errados não são totalmente atribuídos à pessoa que comete este ato”.

Um caso emblemático de suicídio é o de Brittany Maynard, que tirou a própria vida em 1º de novembro de 2014, porque tinha câncer terminal e cujo drama é utilizado para promover a eutanásia.

Sobre este caso, Pe. Leguía disse que a mulher pode ter estado “condicionada e sobrepassada pela experiência de dor, angústia”, o que a levou a “sucumbir” ante “tribulações e emoções mal dirigidas que, sem dúvida, diminuíram a responsabilidade e a liberdade”.

Entretanto, acrescentou, “isso não significa que o ato não seja um ato livre, mas pode haver atenuantes para a sua total atribuição e responsabilidade”.

Dom Fernando Chomali, que publicou no dia 5 de novembro uma carta pastoral sobre a eutanásia, que em países como o Chile o governo pretende aprovar, disse que é importante pensar “seriamente o que pode significar uma sociedade onde cada um possa dispor de seu corpo como se fosse uma propriedade pessoal. A verdade é que o corpo não nos pertence já que tem, ademais, uma dimensão social e, é obvio, outra sagrada que é preciso considerar”.

Após afirmar que diante de casos como o de Brittany é importante o “apoio espiritual, humano e psicológico” para que as pessoas não se suicidem, o Prelado declarou que “a sociedade empreende um caminho perigoso ao ser permissiva com a eutanásia”.

“A Igreja Católica diz não à eutanásia e ao encarniçamento terapêutico e diz sim aos cuidados paliativos; e, sobretudo, sim a muito amor e muito acompanhamento”, concluiu.

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