Os bispos bolivianos confirmaram sua intenção de mediar na crise nacional agravada com a renúncia do Presidente Carlos Mesa, enquanto o Parlamento se prepara para avaliar amanhã a demissão do mandatário.

O Vice-presidente da Conferência Episcopal Boliviana (CEB) e Arcebispo de La Paz, Dom. Edmundo Abastoflor, declarou a uma rádio local que continuam buscando fazer contato com os dirigentes sociais, tal como fizeram em dias passados com o mandatário e os presidentes do Poder Legislativo e Judicial.

"Estamos avançando nestas conversações e acreditam que essa é a maneira mais racional e mais positiva de procurar soluções: dialogando, escutando as posturas de uns e de outros e tratando de ver os pontos de coincidência para poder encontrar essas soluções que necessitamos", afirmou.

Com respeito à demissão do Presidente Mesa, o Prelado qualificou a decisão de "respeitável" por seu "sentido de renuncia e grandeza" para deixar o cargo. "Esperamos que esse mesmo espírito reine em outros dirigentes políticos e sociais do país", acrescentou.

Para o Arcebispo de La Paz "somente com um espírito de grandeza, de renúncia às próprias vantagens ou interesses se poderá procurar efetivamente o bem comum de toda a nação".

O Bispo de El Alto, Dom. Jesus Juárez, expressou a mesma opinião e destacou "o desprendimento e a sinceridade no discurso (de ontem à noite) do senhor Presidente da República".

Por sua vez, Dom. Abastoflor assinalou confiar que logo se solucionem os problemas porque a situação em El Alto e La Paz "está chegando a um limite", devido à carência mantimentos e combustíveis. Indicou que quem sofre são "os mais pobres, a gente mais necessitada".

Não suspenderão greve

A pesar do chamado da CEB a suspender as medidas de força para iniciar um Diálogo Nacional, a Federação de Juntas Vizinhas (Fejuve) de El Alto assinalou que participarão do mesmo mas sem finalizar as mobilizações que mantêm a cidade paralisada.

"Não se suspende a greve civil nem as medidas de pressão, tampouco vamos permitir que Hormando Vaca Díaz ou Mario Cossío (Presidentes do Senado e Câmara Baixa respectivamente) assumam a Presidência da República", manifestou Abel Mamani presidente da Fejuve.

Em seu discurso de ontem à noite, o Presidente Carlos Mesa pediu a urgente convocatória a eleições para pôr fim à crise desatada da promulgação da Lei de Hidrocarbonetos e os posteriores pedidos de autonomia por parte de Santa Cruz de la Sierra e outras províncias.

Mesa também pediu aos presidentes do Senado e da Câmara de Deputados dar espaço para que o Presidente da Corte Suprema de Justiça, Eduardo Rodríguez, convoque eleições gerais.

"O país não pode continuar brincando com a possibilidade de partir-se em mil pedaços (...) a única saída para a Bolívia é um processo eleitoral imediato", expressou Mesa.