No dia 23 de setembro, será beatificado na cidade de Oklahoma (Estados Unidos), o Pe. Stanley Rother, o primeiro mártir norte-americano assassinado na Guatemala por proteger os indígenas e proclamar o evangelho.

A data da cerimônia foi divulgada em 13 de março pela Arquidiocese de Oklahoma, à qual pertencia o sacerdote. Também informaram que a Missa do dia será no Centro de Convenções Cox, às 10h.

Em dezembro de 2016, a Papa assinou um decreto que reconhece o martírio do “Padre Francisco” e, deste modo, tornou-se o primeiro sacerdote nascido nos Estados Unidos a ser reconhecido como um mártir.

Assim como o Santo Padre – que em sua visita ao México em 2016 mostrou interesse pelos indígenas e compartilhou momentos com eles –, o Pe. Stanley Rother dedicou o seu ministério a ajudá-los no dia a dia e também os protegeu quando a violência da guerra civil chegou ao local em que viviam.

Sua vida

Stanley Francis Rother nasceu em uma pequena cidade chamada Okarche, localizada no estado de Oklahoma, onde a religião, a educação e as granjas eram os pilares da sociedade.

Em sua juventude teve uma vida simples e trabalhava na granja da sua família. Rodeado de bons padres e de uma intensa vida paroquial, sentiu o chamado de Deus e entrou no seminário. Ali começaria a verdadeira aventura de sua vida.

No seminário tinha dificuldades nos estudos, assim como São João Maria Vianney, o Cura D’Ars. A autora da biografia do Pe. Stanley, Maria Scaperlanda, disse em entrevista ao Grupo ACI que “ambos eram homens simples que sentiram o chamado ao sacerdócio e alguém tinha que autorizá-los para que completassem os seus estudos e se tornassem sacerdotes. Eles trouxeram consigo bondade, simplicidade e um coração generoso em tudo o que faziam”.

Quando Rother ainda estava no seminário, o então Papa João XXIII pediu às dioceses dos Estados Unidos que enviassem assistência e estabelecessem missões na América Central.

Foi assim que as dioceses de Oklahoma City e Tulsa, também no estado de Oklahoma, estabeleceram uma missão em Santiago Atitlán (Guatemala), uma comunidade rural com poucos recursos, cuja população é principalmente indígena.

Poucos anos depois de ordenado, o Pe. Rother aceitou o convite de se unir a esta equipe missionária, onde passaria os 13 anos seguintes de sua vida.

Ao chegar à missão dos índios maias de Tz’utujil, não tinham na vila um nome parecido a Stanley, por isso começaram a chamá-lo de Padre Francisco.

Por sua parte, o Pe. Stanley percebeu  que  tudo o que havia aprendido quando era jovem, na granja da sua família, serviria muito neste novo local, pois como sacerdote missionário, foi chamado não só para celebrar a Missa, mas para ajudar em tarefas simples dos camponeses.

“O Padre Stanley tinha uma disposição natural a compartilhar o trabalho com eles, a partilhar o pão e a celebrar a vida com eles, o que fez com que a comunidade na Guatemala dissesse que o Padre Stanley ‘era nosso sacerdote’”, comentou Scaperlanda.

Nos anos de 1980 e 1981, a violência chegou a um ponto quase insuportável e o sacerdote via como seus amigos e paroquianos eram sequestrados ou assassinados. Inclusive o seu nome estava na lista negra.

Na carta enviada à sua família, em seu último Natal disse que não queria abandonar a aldeia e estava disposto a entregar a sua vida.

Na madrugada de 28 de julho de 1981, uma pessoa foi ameaçada com uma arma , foi até o quarto do “Padre Francisco”, o acordou e disse que o estavam procurando.

Três ‘ladinos’ – homens que massacravam indígenas e camponeses pobres – o esperavam. Nesse momento, queriam que o Pe. Stanley “desaparecesse”. Ele resistiu e lutou durante 15 minutos até que dispararam duas vezes contra ele que, assim, morreu.

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