Os bispos da República Democrática do Congo advertiram que o bloqueio político e as tensões entre a maioria e a oposição podem conduzir o país ao “caos” e à “desordem incontrolável”.

A instabilidade política aumentou desde que o presidente Joseph Kabila recusou abandonar o cargo em dezembro do ano passado, embora o seu mandato já tenha terminado e tenha que convocar as eleições. Em várias cidades do país foram realizadas manifestações violentas, exigindo que o presidente abandonasse o seu cargo.

A Conferência Nacional Episcopal da República Democrática do Congo (CENCO) conseguiu promover o diálogo entre a oposição liderada por Etienne Tshisekedi, cofundador da União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS), e a Maioria Presidencial, como é conhecida a coalizão governante, que pretende que Kabila permaneça no poder por mais tempo.

Em 31 de dezembro, foi alcançado um acordo entre as duas partes, conhecido como “o acordo de São Silvestre”. Isso indica que haverá um ano de transição durante o qual Kabila vai permanecer no poder. Será nomeado um primeiro-ministro designado pela oposição e dividirão os ministérios entre a maioria e a oposição. Também serão definidas as datas para as próximas eleições presidenciais.

Entretanto, a morte de Tshisekedi, em 1º de fevereiro deste ano, prejudicou as negociações porque ele era o candidato mais apropriado para ser o primeiro-ministro do governo de transição.

Segundo a agência vaticana Fides, atualmente o diálogo foi interrompido pelas modalidades de designação do primeiro-ministro e pela repartição dos diferentes ministérios. Também não sabem quando serão as próximas eleições presidenciais.

Em comunicado enviado à Fides, os bispos pedem às forças políticas “um diálogo franco e baseado na boa fé e na confiança recíproca”.

Indicaram que são inaceitáveis “as ameaças e violências contínuas, fruto de manipulações, contra a Igreja católica, por motivos inconfessados”.

“As divergências na classe política e as tensões no país podem conduzir a nação à implosão e ao caos”, assinalaram e disseram que as violências geradas pela situação instável “são uma verdadeira tragédia”.

“Não é muita coincidência que tudo isso aconteça no período pré-eleitoral? Tememos uma estratégia para atrasar ou impedir a realização das eleições”, afirmam os Prelados.

Para superar esta crise, a CENCO pediu aos partidos políticos que se comprometam lealmente para aplicar o acordo de São Silvestre. Também solicitaram ao presidente atual e às forças policiais que garantam a segurança da população que evite dar ouvidos a discursos que fomentam o ódio.

Além disso, dirigiram-se à comunidade internacional que acompanhe a RDC nesta difícil transição.

Em uma audiência geral, realizada em dezembro de 2016, o Papa Francisco fez um apelo à paz e ao diálogo no país africano.

Naquela ocasião, o Santo Padre exortou que “aqueles que têm responsabilidade política ouçam a voz de sua consciência, saibam ver os cruéis sofrimentos de seus compatriotas e levem em consideração o bem comum”.

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