A Conferência Episcopal Boliviana (CEB) chamou o Governo e aos organizadores dos protestos dos últimos dias a que ponham o máximo esforço em encontrar uma saída comum aos problemas da Bolívia que não passe pela crescente violência.

O vice-presidente da CEB, Dom Jesus Juárez, Bispo de El Alto, advertiu em uma roda de imprensa “a crescente preocupação” da Igreja pela situação, e assinalou que os bispos bolivianos confiam que “se possa encontrar logo uma solução no marco da democracia”.

Diversos protestos sociais mobilizaram a centenares de camponeses e mineiros às principais cidades bolivianas. A causa da mais recente tensão é o desejo de autonomia de Santa Cruz da Serra, uma das regiões mais ricas do país. O governo apóia o referendum crucenho; mas os principais sindicatos do país se opõem a qualquer concessão.

Além disso, os grupos sociais de protesto demandam a convocatória de uma Assembléia Constituinte e a nacionalização dos hidrocarburos.

“Chamamos os poderes Legislativo e Executivo a assumir a enorme responsabilidade que hoje têm diante do país. Suas decisões terão um caráter histórico pelo estrutural dos temas e poderão contribuir a superar o clima de conflito que vivemos ou  aprofundá-lo com imprevisíveis conseqüências”, advertiu Dom Juárez.

O Bispo de El Alto indicou que “os líderes sociais, políticos e cívicos devem também assumir sua responsabilidade cidadã mediante uma mudança de atitude para estabelecer condições construtivas e pacíficas em benefício de todo o país”.

As declarações do Prelado  se produzem depois de uma nova jornada de protestos em La Paz e de bloqueios de rotas em diferentes pontos do país que deixaram a Bolívia sem comunicações terrestres com o Chile, Peru, Argentina e Paraguai.

 “A violência, venha de onde venha, só acarreta maior dor e sofrimento; esperamos que os meios de comunicação, junto a seu trabalho informativo, contribuam a criar o ambiente adequado para obter o entendimento procurado”, adicionou.

Finalmente, Dom Juárez assinalou que “os grandes desafios que tem o país, como a pobreza e a exclusão, seguem presentes e devem ser resolvidos desde os princípios de justiça social, de respeito à vida, à liberdade e à democracia, em unidade e solidariedade”.