O Arcebispo de Ciudad Bolívar (Venezuela), Dom Ulises Gutiérrez Reyes, expressou sua preocupação pela violência ocorrida nesta cidade no fim de semana, com o saque de centenas de lojas de alimentos e a morte de 5 pessoas que obrigaram a militarizar a região. 

Segundo informações, os saques ocorreram em várias regiões da Venezuela – que enfrenta uma grave crise econômica –, depois que o presidente Nicolás Maduro eliminou abruptamente a nota de 100 bolívares, a de maior denominação e circulação no país. Após a violência, o governo prorrogou a vigência desta nota até o dia 2 de janeiro.

De acordo com o presidente do Fedecámaras Bolívar, Fernando Cepeda, nesta localidade de 700.000 pessoas, os distúrbios “acabaram com 90% das lojas que vendem comida”. Indicou que cerca de 400 lojas foram saqueadas entre sábado e domingo na Ciudad Bolívar e outros 220 locais foram saqueados em regiões próximas.

Em um comunicado divulgado ontem, o Arcebispo, junto ao clero local, denunciou que “na Venezuela estamos passando por momentos difíceis, mas acreditamos com firmeza que a solução não é a barbárie, o vandalismo e a irracionalidade”.

“Podemos dirimir os nossos conflitos em um contexto civilizado, pacífico e democrático. A violência é a arma dos que não têm a razão”, assinalou o comunicado, que transmitiu a proximidade da Igreja local às famílias dos falecidos.

Por isso, exortou “o executivo regional, municipal e forças de segurança como garantidores da paz cidadã, a tomarem medidas idôneas e pertinentes para que restabeleça a ordem pública e a segurança da população, pois nos sentimos desprotegidos ante o transbordamento dos saques e dos atos de vandalismo”.

O Arcebispo e o clero denunciaram que este vandalismo afetou muitos comerciantes que “não deixam de expressar seus sentimentos de dor e de impotência ao ver que, do dia para a noite, o esforço e o sacrifício do seu trabalho está sendo desvanecido”.

“Manifestamos-lhes a nossa solidariedade e proximidade, implorando a justiça e a misericórdia de Deus para com estes nossos irmãos”, afirmaram.

Do mesmo modo, expressaram sua solidariedade à “população humilde e simples do estado Bolívar, que sofre com dor e tristeza, mas que, com fé e esperança, não desiste ante as adversidades, mas luta por um progresso e um futuro melhor”.

Entretanto, advertiram que preocupa “o silêncio dos meios de comunicação, tanto a nível nacional como regional, o que favorece os rumores, a ansiedade e o pânico na população. Convidamo-lhes a informar veraz e responsavelmente em favor do restabelecimento da paz em nossa cidade”.

Finalmente, Dom Gutiérrez e os sacerdotes de Ciudad Bolívar incentivaram que, a poucos dias para se celebrar o Natal, “demonstremos com atos concretos de solidariedade a força do amor que nos traz o Emanuel: ‘Deus conosco’”.

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