O Arcebispo de Caracas (Venezuela), Cardeal Jorge Urosa, instou o governo de Nicolás Maduro a cumprir com os compromissos alcançados na Mesa de Diálogo – facilitada pela UNASUR e acompanhada pelo Vaticano – para tirar o país da grave crise política, econômica e social em que se encontra.

Em uma recente declaração enviada ao Grupo ACI, o Purpurado recordou que os bispos “já dissemos que não estamos contentes com o progresso do diálogo por seu lentidão e porque especialmente o governo não dá sinais de credibilidade ao descumprir algumas exigências, não apenas da oposição, mas também de todo o povo venezuelano”.

O Arcebispo se referiu aos compromissos assumidos pelo governo para “promover a resolução da grave crise de escassez de alimentos e remédios, revisar a situação das pessoas privadas de liberdade (detidos políticos), permitir a atuação constitucional da Assembleia Nacional, ou seja, restituir seu papel constitucional; e entrar em acordo com um calendário eleitoral”.

Embora o Cardeal se refira aos acordo do encontro de 30 de outubro, as notícias divulgadas desde então e depois da reunião de 11 de novembro revelam que as autoridades seguem sem cumprir tais compromissos.

No encontro de novembro, o governo e a oposição assinaram a declaração “Viver em paz”, que compreende cinco pontos, mas nos quais não está incluída uma das principais exigências da Mesa da Unidade Democrática (MUD), e que é a reativação do processo revogatório contra Maduro ou a convocação adiantada de eleições nacionais.

Entretanto, o regime se comprometeu a abrir “um canal humanitário” para o ingresso de remédios e alimentos doados; mas isto ainda não se concretizou, apesar da grande escassez desses produtos.

Em sua declaração de 9 de novembro, o Cardeal Urosa também exortou o governo a desbloquear o funcionamento da Assembleia Nacional, dominada pela oposição e declarada em “desacato” pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) no início do ano.

O TSJ é controlado pelo governo e seu decisão contra o Parlamento segue de pé. “O bloqueio da Assembleia torna o governo uma ditadura real”, advertiu o Purpurado.

Antes de concluir, o Arcebispo de Caracas pediu às autoridades que tomem “as medidas econômicas estruturais necessárias para deter a inflação e a desvalorização de nossa divisa”; e que elimine as Operações para a Liberação e Proteção do Povo (OLP), formadas por policiais e agentes do governo e “que deram como resultado muitas mortes” e violações “dos direitos humanos e da vida de muitos inocentes”.

“Repito: faço votos de que o governo cumpra com os acordos do diálogo e com as exigências do povo, para que se acabe com a crise atual e se evite uma provável tragédia nacional”, expressou o Cardeal Urosa.

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