A Comissão de Justiça e Paz da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) repudiou o assassinato de 12 jovens cujos cadáveres foram encontrados em uma fossa comum na localidade de Barlovento, estado de Miranda, vítimas das denominadas Operações para a Libertação e Proteção do Povo (OLP), formadas pelos policiais e agentes do governo.

No último dia 28 de novembro, foram encontrados em uma fossa comum em Barlovento os corpos de 12 jovens. Eles estavam desaparecidos desde o dia 15 de outubro, depois de terem sido detidos por membros das OLP, organismo criado em julho de 2015 para, segundo o presidente Nicolás Maduro, combater a delinquência.

Entretanto, a ONG de direitos humanos PROVEA denunciou que desde a sua aparição, as OLP estão envolvidas em mais de 750 mortes extrajudiciais.

Em um comunicado publicado ontem, a Comissão de Justiça e Paz do Episcopado expressou sua “profunda dor ante este acontecimento na região de Barlovento” e assinalou que se tratam de “atos puníveis, como consequência das denominadas Operações para a Libertação e Proteção do Povo (OLP)”.

Nesse sentido, os bispos repudiaram a maneira “indiscriminada” como são realizadas as OLP, “e pelas quais as autoridades do estado não cumpriram seus deveres de prevenir violações aos direitos humanos” cometidas “em todo o território nacional”.

Além disso, criticaram “a atitude soberba e surda das autoridades do Estado” que se “negam a acatar a jurisprudência internacional”, assim como as recomendações das ONG’s “para o respeito e a garantia” de todos os direitos humanos. Do mesmo modo, denunciaram a “linguagem belicista, agressiva e discriminadora” que justifica a negação da dignidade humana “e legitima a prática permanente da violência como um meio para a solução dos problemas que afetam a sociedade”.

Por isso, exigiram que os poderes públicos coloquem “em vigência efetiva normas legais e sublegais que desenvolvam a Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas e a Convenção Internacional para a proteção de todas as pessoas contra o desaparecimento forçado de pessoas”.

Além disso, exortaram os católicos e pessoas de boa vontade a serem “defensores da vida humana em todas as suas etapas; não se tornando partícipes nem colaboradores de ações que atentem contra o direito à vida, cumprindo assim com seus deveres como cristãos e cidadãos que constroem e trabalham pela paz”; assim como rechaçar toda linguagem que legitime “a violência e a contracultura da morte”.

Finalmente, expressaram sua solidariedade “aos familiares dos 12 jovens assassinados, pelos quais rezamos insistentemente a Deus, para que os de fortaleza e consolo nestes momentos de dor e que permita uma Justiça pronta e efetiva, que renuncie à impunidade”.

Por sua parte, o Ministério Público informou no dia 7 de dezembro que imputará o Major Luis Eduardo Romero Arcia e o capitão Daniel Contreras Primera, ambos do Exército Bolivariano, por suposta responsabilidade nas torturas e posterior morte das 12 pessoas.

Com ambos, já são 12 militares que estariam envolvidos neste assassinato.

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