Em uma conferência pronunciada no Vaticano durante o encontro sobre “Ciência e Sustentabilidade”, organizado pela Pontifícia Academia das Ciências, Stephen W. Hawking, físico teórico e professor da Universidade de Cambridge, defendeu o legado científico do sacerdote belga e professor de física na Universidade Católica de Lovaina, Georges Lemaitre.

Para Hawking, Lemaitre é “o pai do Big Bang”.

A teoria do Big Bang propõe que o universo se encontrava inicialmente em um estado de grande densidade e depois de uma enorme explosão teria entrado em um processo de expansão e resfriamento no qual nos encontraríamos na atualidade.

Tradicionalmente, tem-se considerado que o pai desta teoria é o físico e astrônomo soviético de nacionalidade norte-americana George Gamow, cujos estudos e pesquisas dão aportes essenciais para a explicação das origens do universo e da consolidação da teoria do Big Bang.

No entanto, Hawking garantiu em sua palestra que “Georges Lemaitre foi o primeiro a propor um modelo no qual o universo teve um começo infinitamente denso. Assim, ele e não George Gamow é o pai do Big Bang”.

Em sua intervenção, o professor Hawking expôs diferentes conceitos e teorias relacionadas com a origem e natureza do universo como as ondas gravitacionais, o multiverso ou as micro-ondas procedentes dos instantes prévios ao Big Bang.

“A evidência científica para confirmar a ideia de que o universo estava, inicialmente, em um estado muito denso, surgiu em outubro de 1965, com a descoberta de um frágil fundo de micro-ondas por todo o espaço. A única explicação possível para este fundo de micro-ondas é que seja radiação procedente de um universo primogênito muito denso e quente. A medida que o Universo se expandia, a radiação ia se esfriando, até que ficou o pouco remanescente que podemos detectar hoje”, disse.

Hawking, que se declarou publicamente ateu, esteve envolvido em inúmeras polêmicas ao negar a existência de Deus e por argumentar que não é necessário recorrer a Deus para explicar a origem da existência.

Em declarações de junho de 2015 ao jornal espanhol ‘El Mundo’, defendeu que “no passado, antes de entendermos a ciência, era lógico acreditar que Deus criou o universo. Mas agora, a ciência oferece uma explicação mais convincente”. “Não há nenhum Deus. Sou ateu. A religião acredita nos milagres, mas estes não são compatíveis com a ciência”, sublinhou.

Apesar de suas posições contra a existência de Deus, o professor da Universidade de Cambridge já foi ao Vaticano em 2008 para participar de um congresso semelhante sobre a origem do universo e da evolução das espécies.

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