Deus nos pede que sejamos seus “criadores de comunhão”, assegurou o Papa Francisco durante a audiência com os representantes da Ordem dos Agostinianos Recoletos por ocasião do seu 55º Capítulo Geral. O Pontífice disse que “somos chamados a criar, com a nossa presença no mundo, uma sociedade capaz de reconhecer a dignidade de cada pessoa e compartilhar o dom que cada um é para o outro”.

A ordem dos Agostinianos Recoletos é formada por aproximadamente 1.200 religiosos que vivem em comunidade, ao serviço da Igreja, seguindo o modelo de Santo Agostinho. O 55º Capítulo Geral reuniu a 40 religiosos – entre priores provinciais e delegados –, procedentes das 8 províncias da Ordem, e ao governo da Cúria Geral formada pelo Prior Geral e os Conselheiros. Junto com eles, reuniram-se outros religiosos responsáveis pelas diferentes funções de secretaria e comunicação.

Francisco os exortou a sair ao encontro das pessoas necessitadas do consolo de Deus. “Com o nosso testemunho de comunidade viva e aberta que o Senhor nos ordena, através do sopro do seu Espírito, podemos atender às necessidades de cada pessoa com o mesmo amor com que Deus nos amou”.

“Muitas pessoas estão esperando que saiamos ao seu encontro e as olhemos com essa ternura que experimentamos e recebemos na nossa relação com Deus. Este é o poder que levamos, não os nossos próprios ideais e projetos; mas a força de sua misericórdia, que transforma e dá vida”, disse.

O Papa fez referência ao lema do Capítulo Geral: “Toda a nossa esperança está na grandeza da Tua misericórdia. Dai-me o que me ordenas e ordena-me o que quiserdes”. Ele destacou que “esta invocação nos leva a ser homens de esperança, ou seja, com horizontes, capazes de colocar toda a nossa confiança na misericórdia de Deus, conscientes de que somos incapazes de enfrentar sozinhos com as nossas forças os desafios que o Senhor nos apresenta.

“Somos pequenos e indignos, porém em Deus está a nossa segurança e alegria. Ele nunca decepciona. É o único que nos leva por caminhos misteriosos com amor de Pai”.

Em seguida, o Santo Padre assinalou que “para buscar a renovação e impulso é necessário voltar-se para Deus e pedir-lhe o novo mandamento que Jesus nos deu: ‘Amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês’. Pedimos o seu amor para que sejamos capazes de amar”.

O Pontífice assegurou que “Deus nos dá esse amor de muitas maneiras; Ele sempre está nos dando o seu amor e se faz presente em nossa vida”. Além disso, convidou a olhar o passado e a agradecer “por tantos dons recebidos”.

“A memória agradecida pelo seu amor no nosso passado nos impulsiona a viver o presente com paixão e com cada vez mais valentia”, indicou.

O Bispo de Roma explicou que dizer a Deus “peça o que quiser” requer uma “liberdade de espírito e disponibilidade”, pois, “deixar que Deus mande significa que Ele é o dono da nossa vida e não há outro; e bem sabemos que, se Deus não ocupar o lugar que lhe corresponde, outros ocuparão o ligar dele”.

“Quando o Senhor está no centro de nossa vida tudo é possível; não importa o fracasso nem mal algum, porque Ele é quem está no centro e é Ele quem nos guia”, assinalou.

A Ordem dos Agostinianos Recoletos surgiu no século XVI, no antigo reino espanhol de Castela, exatamente em 1588, durante o Capítulo da Província da Catela da Ordem de Santo Agostinho, celebrado em Toledo.

Naquela ocasião, um grupo de religiosos Agostinianos, impulsionados pelo Espírito Santo, queriam viver a vida consagrada ao serviço da Igreja com um novo ardor e novas normas. Pouco mais de três séculos depois, em 1912, os Agostinianos Recoletos receberam o reconhecimento da Igreja como ordem religiosa autônoma.

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