Um crescente impulso da ideologia de gênero terá profundas consequências, mas os católicos podem responder da forma correta, disse recentemente o Bispo do Shrewsbury (Reino Unido), Dom Mark Davies, em uma carta pastoral aos líderes da educação em sua Diocese.

“Devemos sempre mostrar amor e entendimento genuíno àqueles que se deixam levar ou caem vítimas do engano de nossos tempos”, assinalou. “Entretanto, nunca podemos comprometer a verdade de nossa fé nem permitir que a verdade sobre a pessoa humana seja obscurecida, porque isso seria uma caridade falsa”.

A carta, publicada no último dia 6 de outubro, é datada de 29 de setembro, Festa dos Santos Arcanjos. É dirigida a professores, diretores de escolas e chefes de educação religiosa em sua Diocese, no oeste da Inglaterra.

“Atualmente, há muitas perguntas que surgem no mundo da educação, com relação à ideologia de gênero que subjaz na transexualidade”, disse, fazendo uma distinção entre a ideologia e o cuidado por aqueles que estão confusos ou sofrendo.

Dom Davies disse que os católicos têm o dever de acolher as pessoas que possam estar experimentando “dificuldade para identificar seu sexo biológico”.

“Nossa aproximação cristã às pessoas em qualquer tipo de confusão e sofrimento sempre deve ser de respeito, compaixão e entendimento, junto com um compromisso de procurar ajuda apropriada”, disse.

O Prelado advertiu as escolas contra aceitar e promover a ideologia de gênero, dizendo que essa mentalidade está “começando a impregnar a consciência social com consequências de largo alcance”.

Entre os postulados da ideologia de gênero, indicou Dom Davies, está a afirmação de que as características físicas não determinam quem é uma pessoa como homem ou mulher; a afirmação de que o gênero é simplesmente uma “construção social”; e a noção de que a escolha pessoal é suficiente para determinar o gênero de uma pessoa.

“E, entretanto, sabemos que o sexo é determinado por características físicas que começam a se desenvolver desde a concepção”, assinalou.

“Atualmente, a Igreja está sendo chamada a defender esta verdade da pessoa humana”, disse o Prelado. “Encontramo-nos em um momento em que devemos ponderar mais profundamente o amor de Deus por nós, revelado na natureza humana que nos dá na criação, é a mesma natureza humana que, no mistério da Encarnação, Deus Filho tomou para si mesmo ao fazer-se carne”.

Dom Davies disse que as Escrituras, como o Livro do Gênesis, descrevem a diferença sexual como algo desejado por Deus desde o início. Estas diferenças “começam a existir quando somos concebidos, como a ciência universalmente afirma”.

O Bispo inglês disse que a complementariedade dos sexos está “ordenada para a procriação, na qual pai e mãe colaboram com Deus na criação de uma nova pessoa”.

Dom Davies citou os escritos do Papa Francisco, do Papa Emérito Bento XVI e de São João Paulo II, assim como o Catecismo da Igreja Católica e um documento de 2016 da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos sobre as normas federais de educação.

Na encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco, por exemplo, o Santo Padre disse que aprender a aceitar o próprio corpo e respeitar seus “significados” é “essencial para uma verdadeira ecologia humana”. Isto inclui valorizar o próprio corpo em sua feminilidade ou masculinidade.

O Papa criticou a atitude que pretende “cancelar a diferença sexual porque já não sabe ser confrontar com a mesma”.

Na exortação apostólica Amoris Laetitia, o Papa Francisco criticou os programas de educação e a legislação que promovem “uma identidade pessoal e uma intimidade afetiva radicalmente desvinculadas da diversidade biológica entre homem e mulher”.

Dom Davies disse que a Diocese esperava organizar oportunidades para a reflexão sobre as implicâncias deste “desafio radical e ideológico”.

A carta do Bispo foi publicada dias depois que o Papa Francisco criticou a teoria de gênero como “um grande inimigo do matrimônio”, durante sua visita à Geórgia. Naquela ocasião, também encorajou a enfrentar a “colonização ideológica”.

Na coletiva de imprensa da viagem de regresso a Roma, depois de visitar a Geórgia e o Azerbaijão, o Santo Padre sublinhou a necessidade de acompanhar aqueles que sofrem com sua sexualidade ou identidade sexual.

O Papa criticou também “a maldade que se faz hoje com a doutrinação da teoria de gênero”.

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