O primeiro ato do Papa Francisco durante a sua visita à Geórgia foi o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático do país no Palácio Presidencial da capital, Tsibili. O Santo Padre disse no seu discurso que é urgente a paz entre as nações e confissões religiosas e, por isso, a prioridade deve ser ajudar as pessoas.

“Isto revela-se muito necessário no momento histórico atual, em que não faltam também extremismos violentos que manipulam e distorcem os princípios de natureza civil e religiosa, pondo-os ao serviço de obscuros desígnios de domínio e morte”, disse durante o seu discurso.

Francisco acrescentou: “Desejo que o caminho de paz e desenvolvimento prossiga com o esforço solidário de todas as componentes da sociedade, para criar as condições de estabilidade, equidade e respeito da legalidade suscetíveis de favorecer o crescimento e aumentar as oportunidades para todos”.

Mas “este progresso autêntico e duradouro tem como indispensável condição prévia a coexistência pacífica entre todos os povos e Estados da região”.

“Isto requer que cresçam sentimentos de mútua estima e consideração, que não podem ignorar o respeito das prerrogativas soberanas de cada país no quadro do direito internacional”.

Nesse sentido, o Santo Padre manifestou que “é necessário estar ciente de que os princípios relevantes para um relacionamento équo e estável entre os Estados estão ao serviço da convivência concreta, ordenada e pacífica entre as nações”.

“Em muitos lugares da terra, em efeito, parece prevalecer uma lógica que torna difícil sustentar as legítimas diferenças e as disputas, que sempre podem surgir, em um contexto de verificação e diálogo civil onde prevaleça a razão, a moderação e a responsabilidade”.

O Pontífice afirmou que todos devem preocupar-se primeiramente “pelo ser humano na sua situação concreta e realizem, com paciência, toda e qualquer tentativa para evitar que as divergências descambem em violências, fadadas a provocar enormes ruínas para o homem e a sociedade”.

“Qualquer distinção de caráter étnico, linguístico, político ou religioso, longe de ser utilizada como pretexto para transformar as divergências em conflitos e estes em tragédias sem fim, pode e deve ser, para todos, fonte de enriquecimento recíproco em benefício do bem comum”.

“Isto exige que cada um possa fazer pleno uso das especificidades próprias, a começar pela possibilidade de viver em paz na sua terra ou de retornar a ela livremente se, por qualquer motivo, foi forçado a abandoná-la”, prosseguiu.

A respeito, o Papa expressou: “Espero que os responsáveis públicos continuem a ter a peito a situação destas pessoas, empenhando-se na busca de soluções concretas, mesmo fora das questões políticas ainda por resolver”.

Por último, recordou que “a Igreja Católica – há séculos presente neste país, distinguindo-se particularmente pelo seu empenho na promoção humana e nas obras sócio caritativas – compartilha as alegrias e preocupações do povo georgiano e deseja prestar o seu contributo para o bem-estar e a paz da nação, colaborando ativamente com as autoridades e a sociedade civil”.

Por outro lado, o Santo Padre agradeceu a Deus “pela oportunidade de visitar esta terra abençoada, local de encontro e intercâmbio vital entre culturas e civilizações, que achou no cristianismo, desde a pregação de Santa Nino no início do século IV, a sua identidade mais profunda e o fundamento seguro dos seus valores”.

Ao destacar as boas relações entre o Vaticano e a Geórgia, o Pontífice sublinhou que devido à sua posição geográfica, a Geórgia “é quase uma ponte natural entre a Europa e a Ásia, um gonzo que facilita as comunicações e as relações entre os povos, tendo possibilitado ao longo dos séculos tanto o comércio como o diálogo e a troca de ideias e experiências entre mundos diversos”.

O Papa recordou que “já se passaram vinte e cinco anos desde a proclamação da independência da Geórgia, que durante este período, recuperando a sua plena liberdade, construiu e consolidou as suas instituições democráticas e procurou os caminhos para garantir um desenvolvimento o mais possível inclusivo e autêntico”.

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