Lutar para que não haja “descartados” na sociedade e evitar “manipular” as leis impressas na natureza do homem deve ser uma prioridade para aqueles que se dedicam à medicina e ao estudo das ciências, afirmou o Papa Francisco diante de 35.000 cardiologistas de 140 países reunidos na Feira de Roma para seu congresso anual, no dia 31 de agosto.

“Devemos lutar a fim de que não sejam ‘descartados’ nesta cultura imperante do descarte”, disse para assegurar, em seguida, aos médicos que eles têm “a possibilidade de verificar que há leis gravadas na própria natureza que ninguém pode manipular, mas só ‘descobrir, usar e ordenar’ para que a vida corresponda cada vez mais às intenções do Criador”.

A este respeito, acrescentou que “é importante que o homem de ciência, enquanto se mede com o grande mistério da existência humana, não se deixe vencer pela tentação de sufocar a verdade”.

Após a Audiência Geral na Praça de São Pedro, o Santo Padre se deslocou de carro para a Feira de Roma, um grande espaço onde acontecem exposições e grandes congressos e encontros, localizado fora do centro da cidade.

“Ocupais-vos da cura do coração. E quanta simbologia se esconde nesta palavra e quantas expectativas são depositadas neste órgão humano!”, disse ao se dirigir aos participantes do evento.

“Estou certo de que quando vos encontrais diante deste livro da vida, que traz em si ainda muitas páginas a descobrir, aproximais-vos com trepidação e sentido de temor”.

O Papa recordou que “o Magistério da Igreja afirmou sempre a importância da pesquisa científica para a vida e a saúde das pessoas”. Portanto, “a Igreja não só vos acompanha neste caminho tão árduo, mas faz-se promotora dele e pretende apoiar-vos, porque compreende que quanto é dedicado ao bem efetivo da pessoa é sempre uma ação que provém de Deus”.

Francisco também assinalou que “estudioso pode e deve estudá-las, sabendo que o desenvolvimento das ciências filosóficas e empíricas e das competências práticas que servem o mais débil e doente é um serviço importante que se inscreve no projeto divino”.

“A abertura à graça de Deus, realizada através da fé, não fere a mente, aliás impele-a a avançar, rumo a um conhecimento da verdade mais amplo e útil para a humanidade”.

Além disso, mencionou que “as ciências, naturais e físicas não são suficientes para compreender o mistério que cada pessoa contém em si”.

“Se olharmos para o homem na sua totalidade — permiti-me insistir no tema — podemos dirigir um olhar de particular intensidade para os mais pobres, mais necessitados e marginalizados a fim de que também a eles chegue a cura, assim como a assistência e a atenção das estruturas médicas públicas e particulares”.

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