No último mês, pelo menos quatro cristãos foram acusados de suposta blasfêmia contra o Islã na província de Punjab; enquanto um hindu foi assassinado na província de Sindh, no Paquistão.

A agência vaticana Fides informou que um tribunal antiterrorismo em Gujranwala emitiu nas últimas semanas um veredicto de condenação à morte de dois cristãos: Anjum Naz Sindhu, diretor de uma escola, e Javed Naz; e também contra um muçulmano (Jaffar Ali).

Em outro caso, James Nadeem, residente em Gujarat, foi acusado também de suposta blasfêmia contra o islã pelo WhatsApp. Depois que esta notícia foi divulgada, centenas de muçulmanos encheram o lado de fora do bairro cristão com a intenção de atear fogo em toda a área.

Apenas uma pronta intervenção da polícia impediu o massacre, enquanto os cristãos deixaram suas casas como precaução, assinala Fides.

O último caso de cristãos do mês passado é o de Usman Masih, acusado por supostamente ter publicado uma mensagem ofensiva contra o islã no Facebook.

O caso mais grave foi o do hindu Sateesh Kumar, assassinado por supostamente ter blasfemado contra o islã. Isto ocorreu na província de Sindh, no sul do país.

Quando souberam da acusação, uma multidão de muçulmanos pediu aos hinduístas para entregar o acusado. Os enfrentamentos geraram desordens que causaram danos a lojas e confrontos com a polícia, que prendeu 80 pessoas.   

O Paquistão tem uma população de 180 milhões de habitantes, a grande maioria muçulmanos. Apenas 4 milhões são cristãos.

A lei de blasfêmia foi introduzida em 1986 pelo ditador Mohammad Zia-ul-Haq sem aprovação parlamentar. A norma agrupa várias outras contidas no Código Penal inspiradas diretamente na Sharia –lei religiosa muçulmana – para sancionar qualquer ofensa de palavra ou obra contra Alá, Maomé ou ao Corão.

A ofensa pode ser denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas e o castigo supõe o julgamento imediato e a posterior condenação à prisão ou à morte do acusado.

Segundo dados da Comissão Justiça e Paz dos Bispos do Paquistão, 200 cristãos, 633 muçulmanos, 494 muçulmanos da seita dos ahmadis e 21 hindus foram denunciados por blasfêmia de 1987 a 2013.

Em 2014, as denúncias registradas foram 1.400, enquanto nos últimos 30 anos, 70 acusados de blasfêmia foram executados extrajudicialmente, informa Fides.

Um dos casos mais emblemáticos na aplicação desta lei é o da mãe e esposa católica Asia Bibi, que está na prisão há quase 6 anos, por uma falsa acusação de blasfêmia contra Maomé. Há alguns meses, a família de Asia Bibi saudou o Papa Francisco, o qual disse que reza por ela e pela sua libertação.

Ataques a cristãos no Paquistão

Em março deste ano, um grupo de terroristas muçulmanos atacou um parque, onde um grupo de cristãos celebrava a Páscoa na cidade de Lahore, deixando mais de 65 mortos e centenas de feridos.

Depois do atentado, milhares de muçulmanos fizeram uma violenta manifestação na qual exigiam a execução de Asia Bibi.

Na primeira semana deste ano, um grupo de muçulmanos sequestrou uma jovem cristã, outro queimou uma pilha de bíblias e livros litúrgicos em uma igreja; e na região de Punjab queimaram um templo protestante.

Em outubro do ano passado, uma cristã de 28 anos foi queimada viva por negar-se a casar com um muçulmano. A mulher não morreu, mas ficou com 80 por cento do corpo afetado.

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Em abril de 2015, um grupo de extremistas islâmicos incendiou um adolescente por dizer “sou cristão”. O jovem morreu logo depois de perdoar os seus assassinos.

Poucos dias antes, em março, dois terroristas suicidas atentaram contra dois templos cristãos no bairro de Youhanabad, em Lahore, causando a morte de 14 pessoas e 80 ficaram feridas.

Naquela ocasião, o Papa Francisco afirmou que “nossos irmãos derramam sangue só porque são cristãos”.

Como estes, muitos outros incidentes ocorrem no Paquistão, onde os cristãos são constantemente perseguidos e assassinados por extremistas muçulmanos.

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