O Cardeal ganês Peter Turkson, Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, foi enviado pelo Papa Francisco ao Sudão do Sul e entregou uma mensagem do Pontífice ao presidente do país, que vem vivendo uma situação de conflito que já deixou ao menos 300 mortos e 42 mil deslocados, segundo a ONU.

“Sabemos que o Pontífice acompanha de perto a evolução da situação”, disse à Rádio Vaticano Padre Daniele Moschetti, superior dos missionários combonianos na capital Juba, onde vive com outros cinco padres, ao lado do palácio presidencial.

O Sudão do Sul é o país mais jovem do mundo. Conquistou sua independência em 2013. Porém, em dezembro daquele ano, tiveram início os confrontos, quando o Presidente Salva Kiir, acusou o vice, e ex-líder dos rebeldes, Riek Machar, de planejar um golpe de Estado para derrubar o governo. Foram dois anos de conflitos étnicos e tribais, que deixaram milhares de mortos e mais de 2 milhões de refugiados.

O acordo de paz que veio em 2015 foi rompido no último dia 7 de julho, quando um novo surto de violência se acendeu no país. Depois de um cessar-fogo anunciado no dia 11 de julho, reina uma aparente calma, entretanto, “as violências, abusos e saques do exército continuam”.

Somente na terça-feira, conforme assinala a Rádio Vaticano, foram violentadas 18 pessoas em Juba e os soldados do exército regular subtraíram 4,5 mil toneladas de reservas alimentares dos depósitos da FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

“Os alimentos roubados deviam nutrir cerca de 200 mil pessoas que passam por provações, sem comida e extremadas pelo conflito, dentro e fora dos campos de refugiados”, denunciou o sacerdote, segundo quem, “este último furto significa pelo menos 20 milhões de dólares queimados”.

Para Pe. Daniele, “o conflito está assumindo as feições de uma disputa étnica entre a maioria no poder (Dinka), e a oposição, da etnia Nuer”. “E está mudando também o clima em relação à Igreja; estamos todos em risco”, lamentou.

Solidariedade dos Bispos africanos

Os Bispos da AMECEA, órgão que reúne as Conferências Episcopais da África Oriental, divulgaram um comunicado assinado pelo Presidente da Associação, o Cardeal Berhaneyesus D. Souraphiel, Arcebispo de Addis Abeba, no qual se dizem entristecidos pelos conflitos no Sudão do Sul e expressam sua solidariedade.

“No espírito de solidariedade, nós, os Bispos católicos da região da AMECEA, condenamos qualquer ato de violência, sem exceção. Combater por qualquer motivo é um ato malvado injustificável”, escrevem os Prelados.

O comunicado cita Constituição Pastoral ‘Gaudium et Spes’ para sublinhar que “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”.

Nesse sentido, reforçam que “nossos irmãos e nossas irmãs na República do Sudão do Sul precisam do nosso apoio para continuarem a viver uma vida digna”.

“Estamos encorajados por todas as vozes que pediram calma e fim dos combates. Associamos as nossas vozes às suas e instamos a todos os militares e civis que se abstenham de todas as ações que podem inflamar e fazer degenerar a situação. O diálogo pacífico é a única maneira viável para chegar ao fim do conflito”, concluem.

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