“Os cristãos estão desmoralizados de verdade” e estão sendo “aniquilados”, expressou o Patriarca da Antioquia dos sírios, Sua Beatitude Ignace Youssif III Younan, em uma entrevista na qual pediu cortar as vias de financiamento do grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS), e disse que são “os fanáticos que estão onde existe o islã radical e político”.

 

Em declarações difundidas no dia 6 de julho pela Rádio Vaticana, o Prelado se referiu à crise e à guerra na Síria, que já completou cinco anos. Recordou que antes que começasse a violência, havia “um certo nível de segurança para todos e era possível andar por qualquer local a qualquer hora, de dia e de noite; os cristãos faziam o possível por construir um país orientado à laicidade. Agora, os cristãos estão perdendo a confiança”, assinalou.

Por isso, indicou, “devemos fazer com que sintam a voz (dos cristãos sírios) no mundo a fim de que as potências compreendam que nós, portadores de uma civilização milenar, estamos a ponto de ser aniquilados e expulsos”.

Dom Younan assinalou que não é difícil descobrir as fontes de financiamento dos terroristas islâmicos. “A origem do financiamento é muito clara: provêm desses fanáticos que estão onde existe o islã radical e político. São eles que financiam os jihadistas”.

“Se verdadeiramente a comunidade internacional quer pôr um fim a tudo isto, deve exortar a estes países a acabar com o financiamento, a deixar de enviar jihadistas e ser seus cúmplices”.

“Vamos ao coração do problema: o problema não é político nem social. Os jihadistas sempre existirão: eles leem no Corão os versos violentos e como para eles estes versos são palavra de Deus, haverá sempre pessoas que pensem que Deus quer que se convertam em terroristas preparados para matar os infiéis”, indicou.

Nesse sentido, o patriarca sírio questionou o tipo de educação que estas pessoas ensinam às crianças e aos jovens. “Não é uma questão política, nem econômica: é uma questão religiosa. Estas pessoas querem impor sua religião, porque interpretam seu livro ao pé da letra – textualmente –, e sem um trabalho de exegese, que é tão necessário”.

Na última quarta-feira, o exército sírio anunciou uma trégua de 72 horas que coincide com a festividade de “Aid al-Fitr”, a qual encerra o mês sagrado muçulmano do Ramadã.

Do mesmo modo, o coordenador geral da opositora Comissão Suprema para as Negociações (CSN), Riad Hiyab, pediu no Twitter o cumprimento da trégua de todos os grupos envolvidos.

Segundo informou, durante o mês do Ramadã, os combates continuaram e morreram mais de 1.100 civis, entre eles, 249 eram menores de idade.

Em fevereiro, a Rússia e os Estados Unidos fizeram um acordo de cessar-fogo na Síria, que excluía as áreas controladas pelo ISIS e pela Frente al-Nusra.

O governo do Bashar Al Assad e a CSN aceitaram a trégua, mas esta fracassou porque os enfrentamentos continuaram sendo feitos em várias regiões do país, o local mais atingido foi a cidade de Alepo.

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