“Se existe alguma certeza de quem trabalha há mais de 30 anos nisto, é que não existem mulheres que queiram abortar”, afirmou Elizabeth Bunster, coordenadora da Rede Pela Vida no Chile e Diretora do Projeto Esperança, o qual ajuda mulheres e homens com o trauma ou síndrome pós-aborto.

A licenciada em serviço social, diplomada em família e mestre em psicologia social comunitária, sustentou que na maioria dos casos a mulher que aborta o faz por “uma pressão externa”, como no caso da ameaça de ser abandonada pelo seu parceiro.

“Inclusive quando o homem diz à mulher: ‘eu te apoio no que você decidir’, isso não é o que ela quer. A mulher precisa um homem convicto ao lado dela, um homem que lhe diga: ‘este é o meu filho, você conta com meu apoio e, portanto, vamos seguir em frente e estaremos juntos nesta gravidez’. Com essas palavras uma mulher não aborta”, explicou.

Bunster, também co-fundadora do Movimento Anônimo Pela Vida, um dos grupos pró-vida mais antigos no Chile, assinalou que muitas mulheres “ao sentir alguém ao lado delas, apoiando-as, mesmo sem nos conhecer, conseguimos impedir muitos abortos, inclusive com (...) abortos programados para o dia seguinte”.

Elas precisam “se sentir apoiadas, não simplesmente por um lar, mas por pessoas que estejam ao seu lado, para contar aos seus pais ou para ajudá-las com outras alternativas, como uma ultrassonografia por parte de um médico”, disse Bunster no programa de rádio Semeando, da Conferência Episcopal do Chile.

Por isso, a ativista pró-vida rechaçou o atual projeto de aborto no Chile, pois “não é possível que um Estado esteja colocando como primeira política a morte do filho e o dano psicológico de anos nas mulheres, por terem estado com um bebê no ventre que não pôde nascer”.

Em janeiro de 2015, Elizabeth Bunster se reuniu com o Papa Francisco, explicou-lhe a difícil situação que vive o país com relação ao aborto. O Papa lhe disse que o que acontece no Chile “é muito grave. Carrego esta preocupação no meu coração... Sigam em frente, continuem trabalhando”.

O Projeto Esperança atende desde 1999 as mulheres e os homens que sofrem o trauma pós-aborto. A experiência do trabalho desta organização mostra que o aborto “causa um dano profundo no coração das mulheres e dos homens”.

“É o próprio Jesus Cristo quem cura, Ele é quem dá a resposta. Portanto, é um trabalho profundo de evangelização e de encontro com este amor de Deus e com esta Misericórdia de Deus Pai”.

Em uma ocasião, relatou Bunster, “uma jovem que estava afastada da Igreja me disse: ‘por que você quer me ajudar se você é católica? A Igreja Católica está contra o aborto’”.

Frente a isto, a ativista insistiu na necessidade de “ser claros em transmitir que obviamente não aceitamos o aborto, pois causa um dano profundo a esse bebê que não nasce, mas também à mãe. Mas devemos acolher com humanidade, com carinho, aquela mulher que está profundamente ferida por este aborto”.

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