O Observador Permanente da Santa Sé ante a Organização das Nações Unidas para a Alimentos e a Agricultura (FAO), Dom Fernando Chica, pediu que se tome consciência da fome que há no mundo e incentivou a continuar fazendo tudo o que for possível para acabar com ela, fomentando a paz e a fraternidade.

Ao conversar com os meios de comunicação, entre eles o grupo ACI, na sede de Roma do Programa Mundial Alimentar (PMA) por ocasião da visita do Papa Francisco, assinalou que “a paz e a fome são dois pontos de um mesmo binômio, estão unidos”. “Onde há guerra não é possível cultivar e, portanto, a fome aumenta e, se houver fome, ela se converte em princípio de outra série de misérias. Ao invés disso, se cultivarem a paz, se fomentarem a solidariedade, verdadeiramente estarão acabando com a fome”.

O representante da Santa Sé ante a FAO destacou que “o cultivo da fraternidade é a melhor forma de acabar com a fome e o cultivo da solidariedade é o início de toda campanha para acabar com esta tragédia”.

“A paz é verdadeiramente construída nos corações das pessoas. Por isso são tão importantes as famílias, a educação, para que semeando a paz possam acabar com a fome”.

Ao comentar a visita do Pontífice à sede do PMA, recordou que “o Papa disse que é uma injustiça que no século XXI haja mais de aproximadamente 800 milhões de pessoas que não têm o que comer, este é um escândalo maior quando se trata de crianças que passam fome, cerca de 160 milhões”.

“Ante isso, o Papa falou de consciências anestesiadas: não podemos continuar assim, ficar lamentando e ver a fome como algo natural. É um apelo a fim de que todos nos unamos para acabar com esta praga da fome”.

Por outro lado, Dom Fernando Chica falou de um problema com relação à distribuição de alimentos: “muitas vezes existem com barreiras alfandegárias infranqueáveis ou com outra série de obstáculos”.

“Considerar os alimentos como simples mercadorias, como um produto mais e não parte do direito sagrado à vida que todo homem e pessoa tem é terrível. O alimento, acabar com a fome está unido com o fundamento de qualquer humano: o direito à vida. Acabar com a fome está muito unido a isto”.

Em sua opinião, “que os alimentos estejam disponíveis nos mercados ou ao alcance econômico de pessoas sem rosto parece que não pode haver uma explicação. Enquanto a economia e o progresso não colocarem de verdade a pessoa no centro e existam outros interesses, o mundo não irá para frente”, sublinhou.

O Papa Francisco esteve nesta segunda-feira à sede do PMA por motivo de sua sessão anual. No discurso que pronunciou aos membros desta assembleia, denunciou que “a falta de comida não é uma coisa natural, não é um dado óbvio nem evidente. O fato de hoje, em pleno século XXI, muitas pessoas sofrerem deste flagelo deve-se a uma egoísta e má distribuição dos recursos, a uma mercantilização dos alimentos”, disse durante o seu discurso.

O alimento é “um dom” que “tornamos um privilégio de poucos”. “Fizemos dos frutos da terra – dom para a humanidade – mercadoria de alguns, gerando assim exclusão”, alertou.

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