O Bundestag ou Parlamento alemão aprovou no dia 2 de junho, quase por unanimidade, uma resolução que reconhece como “genocídio” o massacre cometido pelo Império Turco, a atual Turquia, no qual 1,5 milhões de armênios morreram assassinados entre 1915 e 1923.

A resolução de Bundestag foi aprovada três semanas antes da viagem do Papa Francisco à Armênia, que acontecerá entre os dias 24 e 26 de junho.

A respeito da resolução, com especial importância porque nessa época a Alemanha era aliada do Império Turco, o presidente de Bundestag, Norbert Lammert, disse que “o atual governo turco não é responsável pelo que aconteceu há cem anos, mas corresponsável do que acontecer com isso no futuro”.

A rede alemã Deutsche Welle informou que, no Quênia, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que a decisão de reconhecer o genocídio armênio “afetará seriamente as relações entre ambos países. Quando regressar à Turquia, analisaremos a situação e tomaremos as medidas necessárias”.

A Turquia, um país majoritariamente muçulmano, não reconhece nem admite que isto que ocorreu com os armênios seja um genocídio. De fato, quando o Papa Francisco comemorou com milhares de fiéis os 100 anos destes fatos, as autoridades turcas protestaram.

Eduard Nalbandián, ministro das Relações Exteriores da Armênia, disse em um comunicado que a resolução de Bundestag “é a valiosa contribuição da Alemanha não só ao reconhecimento e condenação do genocídio armênio, mas também à luta universal contra os genocídios e a prevenção dos crimes contra a humanidade”.

Além do ministro, um grupo de armênios e descendentes de armênios presentes em Bundestag agradeceu a resolução do Parlamento que reconhece o sofrimento de seu povo.

Em uma nota de imprensa, o presidente da Conferência Episcopal Alemã, Cardeal Reinhard Marx, qualificou a decisão de Bundestag como “importante e meritória”.

O também Arcebispo de Munique assinala no texto que a resolução de Bundestag “tem uma grande importância” porque com ele “não restam dúvidas sobre o fato de que o ‘grande crime’ (como dizem os armênios) não foi algo relacionado à guerra ou à excessiva violência, mas um extermínio sistemático, um genocídio”.

O Cardeal afirma ainda que “pela sua própria história na primeira metade do século XX, os alemães são os últimos de todos que podem ser mestres de outros povos”.

Entretanto, prossegue, “se Bundestag interviu nesta injustiça cometida contra os armênios, é porque Reich alemão, como aliado dos turcos na (Primeira) Guerra Mundial sabia com precisão acerca destes eventos, mas não fez nada para influenciar efetivamente no governo de Constantinopla”.

Agora, conclui o Cardeal Marx em sua nota de imprensa, “é essencial promover o diálogo, a cooperação e a reconciliação entre a Turquia e Armênia. Se a Alemanha pode contribuir a isto, então nosso país deve fazê-lo, em amizade com ambos os povos”.

O genocídio armênio foi o assassinato de mais de um milhão e meio de armênios cristãos por parte do Império Turco entre 1915 e 1923.

Em 24 de abril de 1915, as autoridades turcas aprisionaram 235 membros da comunidade de armênios em Istambul. Depois disto, a cifra de presos subiu para 600 pessoas.

Posteriormente, o governo ordenou a expulsão de toda a população armênia, obrigando-lhes a caminhar centenas de quilômetros pelo deserto, passando fome, sede, roubos e violações feitas pelos guardas muçulmanos, aliados com grupos de assassinos e bandidos.

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