O Papa Francisco recebeu no dia 27 de maio, na Casa Santa Marta, no Vaticano, Hebe de Bonafini, polêmica líder argentina das Mães da Praça de Maio.

 

No encontro, que durou pouco mais de uma hora, a mulher de 87 anos deu de presente ao Santo Padre um lenço branco da organização que dirige, enquanto o Pontífice a presenteou com um terço e um medalhão com uma imagem da Virgem e do Menino Jesus.

Bonafini, que chegou em cadeira de rodas acompanhada de várias pessoas, falou com o Papa acerca das atividades que as Mães realizam e sobre a situação da Argentina.

Em coletiva de imprensa logo após o encontro, Hebe de Bonafini afirmou: “Bergoglio cresceu quando se tornou Francisco, eu lhe pedi desculpas porque me equivoquei com ele, porque quando nos equivocamos devemos reconhecer e as mães reconhecem quando se equivocam".

A agência nacional argentina de notícias Télam publicou na quinta-feira, 26 de maio, uma nota em que divulgou parte de um correio eletrônico do Papa Francisco a um amigo que preferiu permanecer no anonimato.

O texto assinala: “Parece que a pedra do escândalo é que eu receba a senhora Bonafini. Sei bem quem é, mas minha obrigação de pastor é compreender com mansidão”.

“Esta senhora, da praça (de Maio), me insultou várias vezes com artilharia pesada, mas a uma mulher que sofreu pelo sequestro dos filhos e não sabe como e quanto tempo os torturaram, quando os mataram e onde os enterraram, não lhe fecho a porta. O que vejo nela é a dor de uma mãe. Se me usa ou não me usa não é problema meu. Meu problema seria não a tratar com a mansidão de pastor”, acrescentou Francisco na mensagem que agência Télam teve acesso.

 

Hebe de Bonafini atacou em distintas ocasiões a Igreja. Em janeiro de 2008, foi uma das Mães da Praça de Maio que profanaram a Catedral de Buenos Aires para jejuar em protesto pela falta de entrega de recursos estatais destinados aos seus projetos de moradias populares na capital argentina.

Naquela oportunidade, Bonafini declarou à imprensa que como os banheiros da catedral estavam fechados “tivemos que improvisar um, atrás do altar”.

Não foi a primeira vez que as Mães da Praça de Maio invadiram a Catedral. Tinham feito a mesma coisa em junho de 2002, quando ingressaram para protestar “pelas crianças argentinas com fome”.

Em junho de 2007, Hebe de Bonafini criticou com dureza o então Cardeal Bergoglio e o vinculou com a última ditadura militar da Argentina.

Em maio de 2015, pôs várias condições para aceitar os convites do Papa para recebê-la no Vaticano, como que aceitasse, segundo ela, que a Igreja “teve muita participação na repressão” na ditadura militar.

Em março de 2013, pouco tempo depois da eleição do Papa Francisco, o defensor dos direitos humanos na Argentina e Prêmio Nobel da Paz em 1980, Adolfo Pérez Esquivel, assegurou que o novo Pontífice não tem “nenhum vínculo que o relacione com a ditadura” que a Argentina viveu entre os anos 1976 e 1983.

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