O Papa Francisco enviou uma carta ao Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em referência à grave situação que o país sul-americano vive. Foi o que confirmou nesta segunda-feira o Pe. Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, sem dar mais informação sobre o conteúdo da missiva.

Segundo informações da Rádio Vaticano, o Pe. Lombardi disse: “O Papa acompanha com muita atenção e participação a situação da Venezuela”. Ele recordou “os comentários públicos mais recentes” do Santo Padre, em especial a eloquente passagem que dedicou a este país em sua mensagem Urbi et Orbi de Páscoa.

Naquela ocasião, Francisco pediu que a mensagem pascal da ressurreição de Cristo “se projete cada vez mais sobre o povo venezuelano, nas difíceis condições que vivem, assim como sobre os que têm em suas mãos o destino do país, para que trabalhem em favor do bem comum, procurando formas de diálogo e colaboração entre todos. E que seja promovida em todo lugar a cultura do encontro, a justiça e o respeito recíproco, o único que pode assegurar o bem-estar espiritual e material dos cidadãos”.

Do mesmo modo, o porta-voz vaticano se referiu ao comunicado que os bispos venezuelanos publicaram em 27 de abril. “Por sua parte, o Núncio Apostólico, Dom (Aldo) Giordano, comprometeu-se com muita claridade para fomentar o diálogo desejado pelo Papa”, acrescentou.

“Neste contexto – indicou o Pe. Lombardi –, posso dizer que o Papa mesmo recentemente escreveu uma carta pessoal ao Presidente Maduro, com referência à situação do país”.

A Venezuela, país com as maiores reservas de petróleo no mundo, enfrenta uma crescente crise econômica refletida na escassez de alimentos, remédios e outros produtos de primeira necessidade.

Outra consequência da crise foi o corte do serviço elétrico quatro horas por dia em várias regiões do país, inclusive em alguns setores de Caracas. Além disso, como consequência, Maduro ordenou que os trabalhadores do setor público trabalhem somente duas vezes por semana.

A medida mais recente de Maduro foi aumentar o salário mínimo em 30%. Entretanto, a inflação chega aos 180%. Além disso, embora agora o salário seja de 15.051 bolívares, (40 dólares mensais segundo a taxa de mudança oficial mais alta ou 14 dólares pela taxa do mercado negro), a cesta básica custava cerca de 9.156 bolívares, em março deste ano, de acordo ao estudo elaborado pelo Centro de Documentação e Análise dos Trabalhadores (Cenda).

Do mesmo modo, o estudo ‘Condiciones de Vida en Venezuela’ (Encovi), elaborado em agosto e setembro de 2015 pelas universidades públicas Central e Simón Bolívar e a universidade privada Católica Andrés Bello, revelou que para 87% dos venezuelanos seus salários são insuficientes para comprar alimentos, enquanto 12% dos pesquisados disse que apenas comem duas vezes ou menos ao dia. Este relatório foi divulgado em março deste ano.

Em seu comunicado de 27 de abril, os bispos venezuelanos pediram ao governo que permita à Igreja e outras instituições privadas “trazer alimentos, remédios e outros materiais necessários, provenientes de ajudas nacionais e internacionais, e organizar redes de distribuição para satisfazer as necessidades mais urgentes das pessoas da população”.

Além disso, exortaram os poderes públicos a escutar “com respeito a voz do povo, as diversas expressões de suas múltiplos necessidades e suas justas reclamações”; e afirmaram que a lei de anistia aprovada pela Assembleia Nacional – liderada pela oposição –, para libertar os presos políticos “é um clamor nacional e internacional e uma contribuição à distensão social”.

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