Na mesma cidade onde, no domingo da Ressurreição, extremistas muçulmanos perpetraram um atentado que deixou mais de 70 mortos e 400 feridos, cinco diáconos franciscanos capuchinos receberam a ordenação sacerdotal na sexta-feira 8 de abril.

A ordenação dos sacerdotes é uma luz de esperança e um grande fôlego após o grave atentado perpetrado pelos talibãs do grupo Jammat-ul-Ahrar, os quais descreveram o ataque como uma “bendita operação” contra os cristãos.

A agência vaticana Fides informa que o Pe. Francis Nadeem, Provincial dos franciscanos capuchinos no Paquistão, divulgou que a ordenação aconteceu na Catedral do Sagrado Coração, em Lahore, a maior arquidiocese do Paquistão que conta com 27 paróquias.

A Missa foi presidida por Dom Sebastian Shaw, Arcebispo de Lahore, e nela foram ordenados sacerdotes os frades Lazar Aslam, Adnan Kashif, Azam Siddique, Almas Yousaf e Adeel Mazhar.

O Arcebispo recordou em sua homilia que “temos o exemplo de São Francisco de Assis” que passou de ser comerciante “a fazer-se a cargo dos leprosos, as vítimas mais repulsivas”.

“São Francisco não pedia nada a Deus, orava sempre: Senhor, o que quer que faça? Peço a todos vocês que orem como São Francisco. Escutar a Palavra de Deus, que sempre lhes dará o que é correto para suas vidas”, acrescentou.

O Prelado exortou os novos sacerdotes a ser mais do que “acadêmicos ou pregadores” e que trabalhem incansavelmente para ser “autênticas testemunhas do Evangelho”, aqueles dos quais o mundo e a igreja necessitam.

O Arcebispo se referiu também ao Jubileu da Misericórdia e recordou aos novos padres que devem ser “administradores da misericórdia e da ternura de Deus”.

“Se seguirmos nas mãos de Deus, então, nossos corações serão um oásis de misericórdia, de perdão e de humildade”, concluiu.

Ataques aos cristãos

No Paquistão, o ódio aos cristãos, que são uma minoria religiosa, parece não ter limites.

Na primeira semana deste ano, um grupo de muçulmanos sequestrou uma jovem cristã, outro queimou uma pilha de bíblias e livros litúrgicos em uma igreja; e na região do Punjab, queimaram uma igreja protestante.

Em outubro do ano passado, uma cristã de 28 anos foi queimada viva por rechaçar casar-se com um muçulmano. A mulher não morreu, mas ficou com 80 por cento do corpo afetado.

Em abril de 2015, um grupo de extremistas islâmicos ateou fogo em um adolescente por dizer “sou cristão”. O moço morreu logo depois de perdoar seus assassinos.

Poucos dias antes, em março, dois terroristas suicidas atentaram contra dois templos cristãos no bairro do Youhanabad, em Lahore, deixando um saldo de ao menos 14 mortos e 80 feridos.

Nessa ocasião, o Papa Francisco recordou que o ataque se dirigiu a “igrejas cristãs. Os cristãos são perseguidos. Nossos irmãos derramam sangue somente porque são cristãos”.

Lei de blasfêmia

A Lei de Blasfêmia agrupa várias normas contidas no Código Penal inspiradas diretamente na Shariah –lei religiosa muçulmana – para sancionar qualquer ofensa de palavra ou obra contra Alá, Maomé ou o Corão.

A lei é usada com frequência para perseguir a minoria cristã. Um dos casos mais emblemáticos na aplicação desta norma é o da mãe e esposa católica Asia Bibi, que está encarcerada há mais de cinco anos em Lahore, onde espera que se reverta a condenação à morte que pesa sobre ela.

Esta mãe de cinco filhos sempre defendeu sua inocência e explicou que nunca proferiu insulto algum contra o Islã.

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Há alguns meses, a família de Asia Bibi pôde saudar o Papa Francisco graças a ações de HazteOir. Na ocasião, o Santo Padre disse ao marido de Asia que reza por ela e por sua liberação.

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